terça-feira, 2 de junho de 2015

Ácidos graxos e o metabolismo humano

        Os ácidos graxos fornecem energia e são parte integrante das membranas celulares. Consistem em cadeias que contêm elementos como o carbono (C), o hidrogênio (H) e o oxigênio (O), possuindo em uma extremidade um grupo carboxila (- OOH). Os elementos em que os átomos de carbono se ligam a todos os átomos de hidrogênio são designados ácidos saturados (AGS) e não há dupla ligação entre os átomos de carbono. Os ácidos graxos que contêm apenas uma dupla ligação são os ácidos graxos monoinsaturados (AGMI), e os ácidos graxos poliinsaturados (AGPI) referem-se aos que têm mais de uma ligação dupla.
Ácidos graxos essenciais (AGE) são poliinsaturados de cadeia longa que exercem funções vitais no organismo, contudo o corpo humano não consegue produzí-los. Para isso, são necessários outros ácidos graxos precursores, de forma que a única maneira de obtê-los é na alimentação. Um exemplo é o ácido graxo araquidônio, que possui importância estrutural, presente nos fosfolipídeos do sangue, membrana celular, fígado, cérebro e como componente predominante na composição em ácidos graxos das glândulas supra-renais. (Vianni, R., Braz-Filho, R., 1996). O ácido araquidônio é sintetizado em nosso organismo, porém necessita de um precursor, o ácido linoléico (família ômega-6).
Fonte: desconhecida.
Os ácidos graxos mais abundantes na natureza são os ácidos palmítico, esteárico, oléico e linoléico. Os ácidos palmíticos e esteáricos são ácidos graxos saturados. O primeiro ocorre praticamente em todos os óleos e gorduras de plantas e animais terrestres e aquáticos. As principais fontes para alimentação humana são o óleo de dendê, banha, sebo, gordura de cacau e gordura de leite. Já o ácido graxo esteárico é amplamente distribuído na natureza, mas a maioria dos óleos vegetais fornece este ácido em proporções pequenas, as fontes mais importantes são de origem animal (Vianni, R., Braz-Filho, R., 1996).
O ácido oléico está inserido no grupo dos ácidos graxos monoinsaturados ômega-9. Está presente no azeite de oliva, óleo de amendoim, de farelo de arroz, azeite de dendê, gordura de cacau, castanha de caju, entre outros. Já o ácido linoléico é um ácido graxo insaturado da família ômega-6, presente em sementes produzidas por plantas como o açafrão, girassol, soja e milho. Atualmente, os únicos alimentos que aparecem como fontes expressivas de ácidos graxos da família ômega-3 são os peixes, crustáceos e outras matérias primas aquáticas (Vianni, R., Braz-Filho, R., 1996).
            Em termos gerais, os ácidos graxos essenciais estão relacionados com efeitos benéficos para a saúde humana. Estes auxiliam na absorção de nutrientes essenciais e na expulsão de resíduos prejudiciais, devido ao papel que desempenham nas membranas celulares. Apoiam os sistemas cardiovascular, reprodutivo, imunológico e nervoso, sendo importantes para o bom crescimento das crianças, particularmente para o desenvolvimento neural e maturação dos sistemas sensoriais. Além disso, aumentam a produção de prostaglandinas, que são lípidos bioativos derivados do metabolismo da membrana dos AGPIs, que regulam determinadas funções corporais, como é o caso da frequência cardíaca, pressão sanguínea, coagulação sanguínea, fertilidade, concepção e desempenham papéis importantes em vários processos biológicos, incluindo a divisão celular, cicatrização de feridas e resposta imune, através da regulação da inflamação e estímulo do organismo a combater infecções. A sua alteração, em termos de produção, está associada a algumas doenças, tais como inflamação aguda e crônica, como o cancro do cólon.
            Tanto os ácidos graxos da família ômega-6 e ômega-3 são bioprecursores de substâncias conhecidas como eicoscenóides. Tais substâncias são muito importantes, pois possuem um controle em diversos sistemas do nosso organismo, atuando como um mediador inflamatório, afetando o sistema cardiovascular e pressão arterial e controle na síntese de colesterol.   
Atualmente, acredita-se em um equilíbrio entre o consumo de ácidos graxos dessa família, sendo que o maior consumo de ômega-3 seria mais benéfico devido a sua ação de diminuir o colesterol “ruim” (LDL - Lipoproteína de baixa densidade) e aumentar o colesterol “bom” (HDL - lipoproteína de alta densidade) e por possuir efeito anti-inflamatório, ao contrário do ômega-6, e diminuir a pressão arterial. O ômega-6 deve ser consumido em baixas quantidades, pois o seu excesso está relacionado a doenças.
Existem diversas doenças ligadas aos ácidos graxos. Uma dieta com alto teor de ácidos graxos saturados tem sido relacionada ao aumento de doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, câncer e doenças crônicas. Há estudos que indicam haver uma associação positiva entre a ingestão de gordura saturada e a prevalência de doenças cardíacas, assim como uma associação negativa com a ingestão de gorduras insaturadas.
Há também os distúrbios da beta-oxidação dos ácidos graxos (DOAG), que são deficiências genéticas metabólicas nas quais o organismo é incapaz de oxidar os ácidos graxos para produzir energia, devido à ausência ou ao mau funcionamento de algumas enzimas. A gordura é oxidada quando a glicose, que é a principal fonte de energia para o organismo, se esgota. Os portadores de algum desses distúrbios não têm essa disponibilidade prontamente, podendo apresentara hipoglicemia não cetótica, cardiomiopatia e miopatia.


Autores: Laura Braun Cano, Luiza Dias Ferreira Leite Mendonça, Olívia Ambrozini Pereira e Wendy Ishimoto.



Bibliografia utilizada:
  • DLE Medicina Laboratorial -  http://dle.com.br/links-relacionados/disturbios-da-beta-oxidacao-dos-acidos-graxos - acesso em 27/05/2015.
  • GUINÉ, R.P.F., HENRIQUES, F. O papel dos ácidos gordos na nutrição humana e desenvolvimentos sobre o modo como influenciam a saúde. Revista Millenium, 40: 7-21. Junho de 2011
  • LIMA, Flávia Emília Leite de et al . Ácidos graxos e doenças cardiovasculares: uma revisão. Rev. Nutr.,  Campinas ,  v. 13, n. 2, p. 73-80, Aug.  2000
  • VIANNI R.; BRAZ-FILHO R. 1996. Ácidos graxos naturais: importância e ocorrência em alimentos. Química Nova, 19: 400-407.

2 comentários:

  1. Acho que justamente por um alto consumo dos ac. graxos saturados estar associado a algumas doenças, há uma certa "repulsa" das pessoas na ingestão de alimentos com qualquer tipo de ac graxo. Porém, como mostrado no texto, em certas quantidades, eles são essenciais para um bom funcionamento do organismo. Essas crenças populares muitas vezes acabam prejudicando a alimentação das pessoas, criando dietas radicais que se dizem saudáveis e que resolverão todos os problemas. O texto é uma ótima fonte de informação para desmistificar essa crença e promover uma alimentação mais saudável e consciente

    Grupo 7: Marino, Rafael, Silvia e Vanessa

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  2. Muito interessante o texto, esclarece a importância dos ácidos graxos para os seres humanos, visto que, há uma visão negativa quanto a ingestão desses compostos, como se não precisássemos de determinada quantidade de certos tipos de ácidos graxos.
    Interessante notar a diversidade de plantas que podem ser fonte de ácidos graxos benéficos para a alimentação: óleos de girassol, milho, soja, canola, azeitona, abacate, castanhas, nozes, amêndoas, azeite de oliva (Moura et al.,2012).
    Deve-se também lembrar que há diferentes tipos de ácidos graxos (ômega-6, ômega-3, ômega-9, por exemplo), cada um com uma quantidade necessária para o organismo, então, precisa-se diversificar também a fontes de ácidos graxos na dieta.
    Referência
    MOURA et al. 2012. Consumo de ácidos graxos mono e poliinsaturados e suplementação com niacina e piridoxina sobre o perfil lipídico de ratos Wistar adultos.Alim. Nutr., Araraquara.v. 23, n. 1, p. 65-72.

    Grupo 6: Juliana, Maiara, Rafaella e Renan

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