terça-feira, 9 de junho de 2015

Jardins japoneses - Naturais, Misticos e Humanos

        Os jardins japoneses refletem a atemporalidade do trabalho e do design do paisagismo japonês conquistando cada vez mais o público ocidental. Com uma visão oposta à dos ocidentais somos levados a crer que a cultura de uma sociedade pode ser avaliada por seus projetos de jardim. Os japoneses acreditam que os seres humanos fazem parte da natureza e devem viver em harmonia com ela e os ocidentais acreditam ser superiores a natureza. Um exemplo dessa diferença é o projeto arquitetônico, onde a casa faz parte do jardim, e não o contrário. É de extrema importância que o homem e a natureza saibam viver em harmonia, e o jardim apresenta esse elemento.

Fonte: http://plantas-ornamentais.com/wp-content/uploads/2009/10/as2.jpg
A estética e o design dos jardins japoneses são preservados desde sua origem no século VIII a.C. até os dias atuais. Inicialmente, os jardins possuíam influências dos chineses, devido ao xintoísmo, religião comum aos dois países. Durante o período Nara (645-794), a presença de água e cascalhos era primordial para simbolizar o local de culto aos deuses, porém este tipo de jardim não existe mais, estando presente apenas em pinturas antigas. No período Heian, posterior ao Nara, a água tornou-se fundamental para a estrutura do jardim, sendo rodeado por elementos religiosos e culturais, sendo considerado por muitos um portal para lugares reais e míticos. Neste período, a nobreza construía estes jardins com fins funcionais e ostensivos. Foi neste período que se tem o registro mais antigo sobre jardinagem, o Sakuteiki, contendo técnicas de jardinagem para o deleite da aristocracia.
Em períodos posteriores ao Heian, como o Kamakura e Edo, houve o surgimento e ascensão do jardim Zen, jardim mais comum e conhecido pelo mundo. Sobre a influência do Budismo e da ascensão dos Samurais, o jardim era de um local para meditação. Inicialmente, durante o início do Período Kamakura, os jardins ainda apresentavam muitas características construtivas do Período Heian, no entanto, ao longo do tempo, os jardins começaram a refletir diversas mudanças, impulsionadas pelo pensamento Zen.
Fonte: https://airesbuenosblog.files.wordpress.com/2009/01/jardim-japones-260508.jpg
Este jardim inclui um grande lago situado no sopé de uma colina consistente com o estilo das Cortes Heian. No entanto, os afloramentos de rochas ao redor da lagoa são decididamente mais verticais do que seus antecessores que buscavam a horizontalidade. Em consonância com o pensamento Zen, a partir do século XIV, o número de materiais utilizados diminuiria em comparação aos extravagantes jardins de prazer secular criados pela nobreza da Era Heian. O objetivo principal desses jardins Zen era o de auxiliar à meditação. Já no período Edo houve um aumento da tendência de envolver os participantes no jardim, por meio de técnicas visuais, onde o observador era levado a visualizar determinada paisagem de acordo com sua localização no jardim.
Sendo uma tradição muito estimada e preservada nas casas, nos parques, em templos e nos velhos castelos do Japão ajudaram a moldar a era feudal e também aspectos do cotidiano como a cerimônia do chá. Nos últimos séculos podemos encontra alguns tipos diferentes de jardins: jardim de passeio, jardim de chá, jardim de pátio, jardim de ilha e lago e jardim seco.  
Fonte: http://construindo.org/wp-content/uploads/2013/12/jardim-japones-3.jpg
Entre os elementos que podem aparecer estão o Sakura (espécie de cerejeira, que simboliza a felicidade), Momiji-Gari (Acer Vermelho ou Acer palmatum, espécie de carvalho que simboliza melancolia), bambu (Bambusa multiplex, simboliza o dom humano de se moldar a qualquer situação), pinheiros, salgueiro-chorão, azaleias, juníperos, Chamaecyparis obtusa, Diospyros kaki, Pinus thumbergii, Prunus mume, Camellia japônica, Magnolia stellata, Phyllostachis nigra, Iris ensata, etc.
A parte mística pode ser atribuída as lanternas de pedra que iluminam os jardins, elas auxiliam na concentração e na iluminação da mente. O elemento da água é representado pelo lago e pelas carpas simbolizando a substância vital para a existência. Os animais simbolizam a fecundidade e o progresso. O Taiko Bashi (ponte) simboliza a ascensão a um estágio espiritual e emocional mais elevado. As cascatas são o elemento central do jardim, onde as rochas que a formam simbolizam a paternidade (a rocha posicionada verticalmente) e a maternidade (a rocha posicionada horizontalmente e da qual emana água). Os elementos do jardim buscam representar cinco elementos: o Vazio, a União, a Impermanência, a Auto-expressão e o Respeito.
Outro elemento que muito influencia a construção de um jardim japonês é a geomancia, o principio dos opostos complementares, o Yin (negativo e passivo) e o Yang (positivo e ativo), que são representados por pontos cardiais, cores e animais guardiões. No equilíbrio os cinco elementos estão em harmonia, criando uma corrente: a madeira alimenta o fogo, o fogo cria a terra, a terra cria o metal, o metal pode fluir como a agua, a agua alimenta a madeira.
Fonte: http://www.jardinaria.com.br/blog/wp-content/uploads/2010/03/japanese-style-gardens-1.jpg
Apesar de a maioria dos estudos sobre jardins japoneses seja direcionada à restauração de antigos monumentos e pinturas, Oishi (2012) demonstrou como os elementos presentes nos jardins orientais estão de fato em harmonia com a natureza e influenciam na diversidade do local. Em seu estudo procurou verificar a influência da estrutura de um jardim japonês típico na biodiversidade de espécies de plantas briófitas. Neste estudo, Oishi observou jardins japoneses da cidade de Kanazawa e neles pode perceber que o fato dos jardins possuírem lagos e rochas próximas a ele permite o crescimento de briófitas, aumentando, assim, sua biodiversidade.


Autores: Aline Campelo Mendes, Ana Laura Furlan Blanco


Bibliografia utilizada:





  

A perfeição dos Jardins Franceses: simetria e formalidade com a arte dos jardins

          O jardim francês (em francês: jardin à la française) surgiu com o estilo renascentista do século XVII, época em que os jardins passaram a assumir o papel de complemento da arquitetura monumental. Este estilo era acompanhado com acessórios como chafarizes, lagos, fontes, estátuas e pérgolas em sua estrutura. Segundo a explicação da paisagista Erica Ochoa, "Uma característica fundamental do jardim francês é a topiaria, que é a poda escultural das vegetações. As linhas retas, a simetria, a perspectiva e a organização também são alguns pontos fundamentais desse estilo". Assim, a vegetação seria uma extensão das grandes construções. 

Exemplos de jardim franceses, sendo o primeiro do Palácio de Versalhes. É interessante observar a grandiosidade, as formas geométricas, a simetria e o cuidado em manter a formalidade desses jardins. A fim de visualizar melhor os desenhos desses jardins, recomenda-se determinada distância ou um ponto de vista superior, como mostrado nas imagens. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a9/ Villandry_Gardens.jpg e  http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRiZNgIGurgWnwO7XzS4fPVOUAitB-xfnxSWUs70PCHfIJr3vmj



           Como dito, a topiaria é a arte de adornar os jardins conferindo a grupos de plantas, por meio de podas e cortes, configurações diversas; é a alma de um jardim francês clássico. Ademais, esse tipo de jardim utiliza poucas pedras. Cercas vivas e arbustos compactos, todos muito bem podados, ornam os jardins franceses, respeitando a rigidez formal. Esse é um dos principais motivos pelo qual a manutenção desse estilo de jardinagem é tão onerosa: as plantas requerem podas constantes para manter a forma concisa perfeita. Assim, as plantas preferidas são aquelas com crescimento lento.
            No restante da vegetação do jardim francês, temos uma variedade de flores. Roseiras, tulipas, azaléias, amor-perfeito e ciprestes quebram o ar bucólico e sóbrio, dando cor ao ambiente. Entretanto, as flores devem ser utilizadas em espaços bem demarcados, como canteiros delimitados, vasos ou jardineiras, para respeitar a forma geométrica e a simetria. A decoração do ambiente fica por conta de bancos, fontes, pergolados (espécie de galerias cobertas de barrotes espacejados, assentados em pilares, geralmente guarnecidas de trepadeiras), esculturas, luminárias e caramanchões (estruturas leves construídas em parques ou jardins, geralmente de madeira, que se pode cobrir de vegetação e usar para descanso ou recreação), todos mantendo a ideia de rigidez e forma perfeita.


  
Plantação de roseiras em um jardim francês.
 Fonte: 
http://www.rosegathering.com/photos/lhay/lhaypath.jpg

 
   O estilo francês de jardinagem também se inspirava nos jardins medievais, os quais utilizavam canteiros com flores e ervas medicinais, sendo que também havia a horta que lhes concedia abastecimento. Mas com o passar do tempo, novas ideias foram sendo introduzidas por arquitetos italianos que trabalhavam na corte francesa. Com isso, pode-se dizer que os jardins franceses tiveram características semelhantes aos jardins italianos, como por exemplo, muitas estátuas e fontes monumentais, além de corredeiras de água e galerias. Mas é importante relembrar, que no estilo francês, a rígida distribuição axial, a simetria, a perspectiva, o uso de topiaria e a sensação de grandiosidade são pontos-chave.
            Os jardins franceses são considerados os mais rígidos e formais, já que as formas geométricas e a simetria o compõem. Tudo é pensado seguindo uma planta baixa, respeitando caminhos largos e bem definidos, sem desníveis. Os espaços para trilhas, vegetação e áreas aquáticas deveriam respeitar esta harmonia, distribuindo os elementos e tornando o jardim extremamente organizado. Os principais jardins foram construídos pelo famoso arquiteto/paisagista de Luiz XIV, André Le Notrê. Suas obras mais marcantes foram o jardim do Palácio de Versalhes e de Vaux-le-Vicompte.
         
Jardim francês da ESALQ.
Fonte: 
: http://fotoeahistoria.blogspot.com.br/2013/03/jardim-frances-na-esalq.html
 No Brasil, um dos jardins franceses mais próximos é o da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), que inaugurou a revitalização do jardim francês como comemoração aos 105 anos da Escola e o centenário do Prédio Central e do parque. O jardim foi construído em 1943, juntamente com uma casa inspirada na Fazendo tara, do filme E O Vento Levou. O jardim em questão leva as mesmas características do jardim de Versalhes, como a simetria, monumentos e estátuas, além de terem sido adicionados pergolado e uma fonte. 
        Dessa maneira, apesar de os jardins franceses terem tido algumas alterações com o passar dos anos, suas características básicas permanecem, como a grama meticulosamente cuidada, formas geométricas, flores igualmente distribuídas, além de estátuas e esculturas valiosas. Assim, se você pretende ter um jardim francês em casa, mas acha que ele só é possível em grandes espaços, saiba que um quintal bem planejado pode tornar-se um mini jardim do Palácio de Versalhes.


Jardins franceses no quintal de casas. São necessários bom planejamento e manutenção constante. Entretanto, os resultados visuais são incríveis.
Fonte: http://www.forbes.com/sites/houzz/2013/09/23/7-design-basics-to-french-garden-style/


Autores: Marino da Motta Nanzer, Rafael Farina, Silvia Sayuri Mandai e Vanessa Thomé.

Bibliografia utilizada:
  • A diferença entre jardim francês e jardim inglês. M de mulher. Disponível em: <http://mdemulher.abril.com.br/familia/m-de-mulher/a-diferenca-entre-jardim-frances-e-jardim-ingles> Acessado em: 08/06/2015.
  • Barcelos, D.C. Uma viagme pela história dos jardins. Jardim de Flores: paisagismo. Disponível em: <http://www.jardimdeflores.com.br/paisagismo/a05daniel.htm>. Acessado em: 05/06/2015.
  • Delphino, M. 2014. O charme de um jardim francês na ESALQ. Espaço Aberto. Disponível em: <http://www.usp.br/espacoaberto/arquivo/2006/espaco69jul/0conheca.htm>. Acessado em: 06/06/2015.
  • Dicionário de Português licenciado para Oxford University Press Copyright © 2012 Editora Objetiva
  • Franceses Jardim: Características e modelos. Flor do Jardins. Disponível em: <http://flordojardins.topartigos.com/franceses-jardim-caracteristicas-e-modelos.html>. Acessado em: 07/06/2015.
  • Jardim Francês: Como ter o seu. Playgrama. Disponível em <http://www.playgrama.com.br/blog/arquitetura-e-urbanismo/jardim-frances-como-ter-o-seu/>. Acessado em: 08/06/2015.
  • Lipanovich, M. 2013. 7 Basics To Designing A French Style Garden. Forbes. Disponível em: <http://www.forbes.com/sites/houzz/2013/09/23/7-design-basics-to-french-garden-style/> Acessado em: 07/06/2015.