terça-feira, 24 de março de 2015

Cultivo e Comercialização de Vinho no Brasil e no Mundo

Não se sabe ao certo quando teve início a produção do vinho. Arqueologistas acreditam que o acúmulo de sementes de uva encontradas em escavações na Turquia, Síria e Rússia, e que datam cerca de 8000 a.C., possam indicar o suposto início do cultivo e produção da uva e do vinho. Segundo a bíblia, Noé teria plantado uma videira logo após o grande dilúvio, a qual posteriormente teria usado para produzir o vinho e se embriagar. Além disso, registros da celebração e da vinificação foram encontradas em pinturas expostas em túmulos egípcios que datam 1000 a 3000 a.C.. Nessas pinturas, processos como a colheita, a prensagem e a fermentação eram retratados com detalhes. Através dessas pinturas foi possível inferir que o vinho naquela época era limitado aos ricos, que o bebiam em taças e em festividades.
Os vinhedos, assim como os vinhos, também eram oferecidos aos deuses. Nesse contexto, destacam-se a mitologia grega e romana. Na mitologia grega, o deus do vinho Dionísio, filho de Zeus e Sémele, teve sua imagem atribuída à embriaguez e à fertilidade, sendo o vinho bebido com a intenção de afastar as preocupações. Para os romanos, o deus do vinho Baco se transforma em um leão, que luta e devora os gigantes que escalam o céu e, assim como Dionísio, tem sua imagem associada à embriaguez.
http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2011/279/imagens
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A uva, matéria prima do vinho, é fruto da videira ou vinha (Vitis sp.). Existem diversas variedades de uva, denominadas castas ou cepas. Cabernet Sauvignon, Merlot e Chardonnay são uma das mais utilizadas na produção de vinho e provêm da Vitis vinifera, planta de origem europeia, que é capaz de acumular açúcar na proporção de ⅓ de seu volume.
O Brasil ocupa a 15ª posição no Ranking mundial de produção de vinhos e, de acordo com o IBRAVIN (Instituto Brasileiro do Vinho), apresenta seis regiões produtoras principais: o Planalto Catarinense (São Joaquim e Bom Retiro, SC), os Campos de Cima da Serra (fronteira entre SC e RS), a Serra Gaúcha (Bento Gonçalves), a Campanha Gaúcha e Serra do Sudeste (fronteira do Brasil com o Uruguai – Santana do Livramento) e o Vale do São Francisco (Petrolina - PE, Juazeiro - BA, Casa Nova - BA).            O cultivo da uva envolve três períodos: repouso, crescimento, elaboração. No primeiro a planta perde as folhas e entra em latência (Abril a Julho). O segundo é caracterizado pelo brotamento de folhas e floração (Agosto a Dezembro). No terceiro período há a produção de frutos e a colheita dos mesmos (Dezembro a Março). As uvas, então, passam pelo processo de fermentação, em que as moléculas de carboidrato, o açúcar, será transformado em álcool, gás carbônico e energia por meio do microorganismo Saccharomyces sp. Depois, o produto fermentado ainda pode passar pelos processos de estabilização, clarificação e filtração, engarrafamento e envelhecimento da garrafa.          
            Os principais países produtores de vinho se localizam entre as latitudes 30º e 50º e são Itália (1º),  França (2º), Espanha (3º) e Estados Unidos (4º). Outros países que se destacam na vitinicultura são Chile (10º) e Portugal (11º).
A primeira videira plantada no Brasil foi em 1532 por Brás Cubas na cidade de São Paulo, precisamente no atual bairro de Tatuapé. Com a vinda de italianos em 1875, iniciou-se a produção familiar de vinhos, muitas das quais ainda estão presentes  no mercado nacional. Foi só em 1970 que multinacionais se instalaram no Brasil, trazendo tecnologia, variedades de mudas e capital, expandindo a produção e a comercialização do vinho.
O Rio Grande do Sul ocupa o lugar de maior produtor brasileiro desde 1980, primeiro ano datado pela Embrapa, e em 2010 chegou a produzir cerca de 310 milhões de litros de vinho, um pouco a mais do que o dobro produzido em 1980. O último dado fornecido pela Embrapa sobre a produção do vinho no Brasil indica que a produção anual foi por volta de 376 milhões de litros, sendo que 358 milhões são provenientes do Rio Grande do Sul.

Em 2014, a Vinícula Miolo, que se localiza no Vale dos Vinhedos comercializou 100 mil caixas de vinho de janeiro a abril, o que levou ao faturamento de US$ 1,8 milhão e a expectativa para o ano era de, no mínimo, US$ 3 milhões, sendo que o principal comprador da Vinícula nesse ano foi a Bélgica. Além disso, houve incremento nas vendas na Alemanha e no Japão. Ainda em 2014, as demais vinículas do Wines of Brasil exportaram US$ 5,75 milhões nos quatro primeiros meses do ano, que já superava a meta esperada (US$ 5,5 milhões). A gerente do Wines of Brasil acredita que a Copa  tenha influenciado o aumento da exportação dos vinhos brasileiros.

Autores: Juliana Toshie Takata, Maiara Albanez Pereira, Rafaella Eduarda Volpi, Renan Lopes Rodrigues.

Bibliografia utilizada:


História da Fabricação de Cerveja

É difícil determinar a data exata em que a primeira cerveja foi produzida, mas acredita-se que tenha sido há mais de 10.000 anos, época em que o homem tomou conhecimento do processo de fermentação.  Especula-se que a descoberta da cerveja tenha ocorrido por acidente, possivelmente fruto da fermentação não induzida de algum cereal.
A primeira evidência arqueológica referente à produção de cerveja vem da Suméria, por volta de 6.000 a.C. Tratam-se de inscrições feitas numa pedra, relativas a um cereal que se utilizava em algo similar à produção de cerveja.  Os sumérios teriam percebido que a massa do pão, quando molhada, fermentava e, assim, imagina-se o surgimento de uma forma de cerveja primitiva, o “pão líquido”.
Na Antiguidade, a produção de cerveja era uma atividade caseira devido à natureza das matérias-primas utilizadas (grãos de cereais e leveduras), em que as mulheres eram encarregadas, já que elas também faziam os pães.  Durante o período babilônico, havia cerca de vinte diferentes tipos de cerveja, com base em diferentes combinações de plantas aromáticas  e no maior ou menor emprego de mel, cevada ou trigo. Hamurabi, rei da Babilônia, introduziu em seu famoso Código várias regras relacionadas à cerveja, como uma lei que decretava pena de morte a quem servisse cerveja de má qualidade.
Há registros de produção e consumo de cerveja também no Egito, Grécia e Roma. Na Idade Média, a cerveja ganhou um sabor mais parecido com o atual. Os gauleses passaram a fabricá-la com malte e os monges descobriram o lúpulo (Humulus lupulus, uma liana europeia) como conservante natural, utilizado também para dar amargor e aroma à cerveja.

A partir do século XIX a ciência e a técnica tornaram-se fundamentais para o produtor de cerveja. Em 1876, o cientista francês Louis Pasteur descobriu micro-organismos responsáveis pela deterioração do produto e que estes poderiam estar no ar, na água e nos equipamentos, o que fez com que limpeza e higiene se tornassem fundamentais dentro de uma cervejaria. Outros avanços ocorreram, como a separação de duas espécies de leveduras com metabolismos diferentes, feita por Emil Christian Hansen, originando as famílias Lager e Ale. Como a levedura influencia no sabor, a descoberta permitiu a padronização do sabor e qualidade da cerveja. 
No Brasil, a cerveja demorou a chegar, barrada pelos portugueses, que temiam perder o mercado de seus vinhos. Em 1808, a bebida foi trazida pela Família Real. A cerveja consumida pelos brasileiros era a gengibirra, produzida com gengibre, farinha de milho, casca de limão e água. Já a caramuru era uma mistura de milho, gengibre, açúcar mascavo e água, e fermentava durante uma semana.
Atualmente, os ingredientes para a fabricação de cerveja são água, lúpulo, malte (que tem origem na germinação de cereais sob condições ambientais controladas) e possivelmente adjuntos, como milho, trigo, cevada não maltada, arroz, aveia, açúcar e xaropes. No Brasil, o milho é um importante ingrediente da bebida e pode estar presente em, aproximadamente, até metade de sua composição. A cerveja mais consumida no país é a Pilsen, que se encaixa no tipo Lager. Trata-se de uma cerveja clara, leve e refrescante. Entretanto, o segmento de cervejas Premium produzido por cervejarias artesanais, as microcervejarias, e também por grandes empresas de marcas importadas vêm crescendo no país. Os custos fixos das cervejarias brasileiras são altos, visto que há investimentos em projetos, equipamentos e empregados. Porém, o diferencial da indústria cervejeira no Brasil é a forma como o produto é distribuído: a rapidez e o seu alcance.
                 Fonte: http://media-1.web.britannica.com/eb-media/69/74269-004-ABB99B13.jpg
Cada região do mundo segue alguns parâmetros para produção de cerveja, o que define as escolas cervejeiras. A escola alemã é regida pela Lei da Pureza, de 1516, que determina o que pode ser usado como ingredientes da bebida: apenas malte, cevada, água e lúpulo, além das leveduras, que não eram conhecidas na época. A cerveja tem qualidade técnica, mas sem espaço para criatividade e inovação. Já a escola inglesa produz cervejas mais amargas e secas. A escola belga, por sua vez, é composta por vários estilos, produzindo cervejas originais e complexas, podendo-se adicionar semente de coentro, casca de laranja e canela, entre outros. Recentemente, vêm se estabelecendo uma escola estadunidense, que é caracterizada pela nova interpretação de estilos de cerveja já existentes.
No Brasil, têm crescido o mercado de cervejas artesanais. A origem da cerveja artesanal é alemã e, de acordo com a tradição germânica, tem ingredientes limitados. No entanto, alguma cervejarias rejeitam a lei germânica e seguem a escola belga, mais elástica, e incorporam ingredientes como casca de laranja, pimenta-da-jamaica, alfarroba, rapadura e mandioca em busca de uma identidade nacional, aromas e sabores diferentes.     


Autores: Laura Braun Cano, Luiza Dias Ferreira Leite Mendonça, Olivia Ambrosini e Wendy Ishimoto


Bibliografia utilizada: