É
difícil determinar a data exata em que a primeira cerveja foi produzida, mas
acredita-se que tenha sido há mais de 10.000 anos, época em que o homem tomou
conhecimento do processo de fermentação.
Especula-se que a descoberta da cerveja tenha ocorrido por acidente,
possivelmente fruto da fermentação não induzida de algum cereal.
A
primeira evidência arqueológica referente à produção de cerveja vem da Suméria,
por volta de 6.000 a.C. Tratam-se de inscrições
feitas numa pedra, relativas a um cereal que se utilizava em algo similar à
produção de cerveja. Os
sumérios teriam percebido que a massa do pão, quando molhada, fermentava e,
assim, imagina-se o surgimento de uma forma de cerveja primitiva, o “pão
líquido”.
Na
Antiguidade, a produção de cerveja era uma atividade caseira devido à natureza
das matérias-primas utilizadas (grãos de cereais e leveduras), em que as
mulheres eram encarregadas, já que elas também faziam os pães. Durante o
período babilônico, havia cerca de vinte diferentes tipos de cerveja, com base
em diferentes combinações de plantas aromáticas e no maior ou menor
emprego de mel, cevada ou trigo. Hamurabi, rei da Babilônia, introduziu em seu
famoso Código várias regras relacionadas à cerveja, como uma lei que decretava
pena de morte a quem servisse cerveja de má qualidade.
Há registros de produção e consumo de cerveja também no
Egito, Grécia e Roma. Na Idade Média, a cerveja ganhou um sabor mais parecido
com o atual. Os gauleses passaram a fabricá-la com malte e os monges
descobriram o lúpulo (Humulus lupulus,
uma liana europeia) como conservante natural, utilizado também para dar amargor
e aroma à cerveja.
A partir do século XIX a ciência e a técnica tornaram-se
fundamentais para o produtor de cerveja. Em 1876, o cientista francês Louis
Pasteur descobriu micro-organismos responsáveis pela deterioração do produto e
que estes poderiam estar no ar, na água e nos equipamentos, o que fez com que
limpeza e higiene se tornassem fundamentais dentro de uma cervejaria. Outros
avanços ocorreram, como a separação de duas espécies de leveduras com
metabolismos diferentes, feita por Emil Christian Hansen, originando as famílias
Lager e Ale. Como a levedura influencia no sabor, a descoberta permitiu a
padronização do sabor e qualidade da cerveja.
No Brasil, a cerveja demorou a chegar, barrada pelos
portugueses, que temiam perder o mercado de seus vinhos. Em 1808, a bebida foi
trazida pela Família Real. A cerveja consumida pelos brasileiros era a
gengibirra, produzida com gengibre, farinha de milho, casca de limão e água. Já
a caramuru era uma mistura de milho, gengibre, açúcar mascavo e água, e
fermentava durante uma semana.
Atualmente, os ingredientes para a fabricação de cerveja são
água, lúpulo,
malte (que tem origem na germinação de cereais
sob condições ambientais controladas) e possivelmente adjuntos, como
milho, trigo, cevada não maltada, arroz, aveia, açúcar e xaropes. No Brasil, o milho é um importante ingrediente
da bebida e pode estar presente em, aproximadamente, até metade de sua
composição. A cerveja mais consumida no país é a Pilsen, que se encaixa no tipo Lager. Trata-se de uma cerveja
clara, leve e refrescante. Entretanto, o segmento de cervejas Premium produzido por cervejarias
artesanais, as microcervejarias, e também por grandes empresas de marcas
importadas vêm crescendo no país. Os custos fixos das cervejarias brasileiras
são altos, visto que há investimentos em projetos, equipamentos e empregados.
Porém, o diferencial da indústria cervejeira no Brasil é a forma como o produto
é distribuído: a rapidez e o seu alcance.
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Fonte:
http://media-1.web.britannica.com/eb-media/69/74269-004-ABB99B13.jpg
Cada
região do mundo segue alguns parâmetros para produção de cerveja, o que define
as escolas cervejeiras. A escola alemã é regida pela Lei da Pureza, de 1516, que
determina o que pode ser usado como ingredientes da bebida: apenas malte,
cevada, água e lúpulo, além das leveduras, que não eram conhecidas na época. A
cerveja tem qualidade técnica, mas sem espaço para criatividade e inovação. Já
a escola inglesa produz cervejas mais amargas e secas. A escola belga, por sua
vez, é composta por vários estilos, produzindo cervejas originais e complexas,
podendo-se adicionar semente de coentro, casca de laranja e canela, entre
outros. Recentemente, vêm se estabelecendo uma escola estadunidense, que é
caracterizada pela nova interpretação de estilos de cerveja já existentes.
No
Brasil, têm crescido o mercado de cervejas artesanais. A origem da cerveja
artesanal é alemã e, de acordo com a tradição germânica, tem ingredientes
limitados. No entanto, alguma cervejarias rejeitam a lei germânica e seguem a
escola belga, mais elástica, e incorporam ingredientes como casca de laranja,
pimenta-da-jamaica, alfarroba, rapadura e mandioca em busca de uma identidade
nacional, aromas e sabores diferentes.
Autores: Laura Braun Cano, Luiza Dias Ferreira Leite Mendonça, Olivia Ambrosini e Wendy Ishimoto
Bibliografia utilizada:
- Beer, Alcoholic Beverage. Disponível em http://global.britannica.com/EBchecked /topic/58378/beer
- Cervejaria Bierland - http://www.bierland.com.br/bierland/historia-da-cerveja.html - acesso em 18/03/2015
- Cervejas do Mundo - http://www.cervejasdomundo.com - acesso em 18/03/2015
- Homini lúpulo - http://www.hominilupulo.com.br/category/cultura/guia-basico/ - acesso em 19/03/2015
- Universidade de São Paulo - http://www5.usp.br/17833/composicao-da-cerveja-inclui-mais-que-cevada-lupulo-e-agua-aponta-cena/ - acesso em 21/03/2015
- O negócio milionário das cervejas artesanais. Cada vez mais brasileiros adotam as cervejas especiais e alimentam um mercado que não para de crescer. Algumas empresas já faturam mais de R$ 10 milhões por ano. Disponível em http://www.istoe.com.br/reportagens/319458_O+NEGOCIO+ MILIONARIO+DAS+CERVEJAS+ARTESANAIS
- Investimento Inicial para Produzir Cerveja é de R$ 500 mil. Disponível em http://www.mecbier.com. br/mostranoticias.php?m=30
- MOREIRA, T. E.; Análise da Competitividade do Segmento de Cerveja do Brasil, 1997-2012. Informações Econômicas, SP, v. 44, n. 3, maio/jun. 2014.
- SCHARF, L. Monografia: Análise dos Custos de Fabricação em uma Microcervejaria. Universidade Federal de Santa. Centro Sócio-enocômico, Departamento de Ciências contábeis. Florianópolis, 2003.
Muito legal!!! Eu só gostaria de acrescentar o quanto a história de Ribeirão Preto está associada a cerveja! Seremos em 2015 a cidade com maior número de cervejaria artesanais e a que mais produz essa mercadoria no estado de São Paulo. Sendo um total de quatro fábricas, que produzem juntas 235 mil litros de cerveja. Entre essas marcas temos: a Invicta, Klaro Chopp, Colorado e a Lund. Ainda nesse ano duas novas cervejarias devem se instalar: a Walfaganger e a Weird Barrel, que juntas devem produzir 17 mil litros de cerveja por mês!!!
ResponderExcluirEu gostaria de aproveitar e fazer uma propaganda da cervejaria Avenida 42, de Araraquara-SP, por ser uma ótima marca, apesar de tão nova no mercado! (; kkkkkk
Danilo Sasso Augusto
Cerveja, uma arte! Haha, muito legal o texto.
ResponderExcluirMuito bom o texto! Achei super curioso o que comentaram do rei Hamurabi, formular em seu código uma lei que decretava pena de morte a quem servisse cerveja de má qualidade.
ResponderExcluir;)
Oi pessoal, achamos o texto bem interessante e, como curiosidade, trouxemos um pouco sobre a história da mulher na cerveja. Na Mesopotâmia, as mulheres eram responsáveis pelo cultivo de grãos e fabricação de alimentos. Segundo uma lenda, uma mulher deixou um recipiente contendo grãos na chuva, que fermentaram, criando a primeira cerveja.
ResponderExcluirAté a Revolução Industrial, cervejeira era uma profissão feminina. Além disso, foi Hildergardis De Bingen, uma cientista e abadessa que introduziu o lúpulo a produção de cerveja, substância esta que contribui com a preservação do líquido e é responsável por seus aromas e sabores.
Além disso, ficamos curiosos quanto à origem da cerveja no Brasil e as primeiras grandes marcas nacionais. As primeiras referências à cerveja são do século XVII, porém sua ascensão foi lenta devido à preferência ao vinho e cachaça. Em 1836, surgiu uma noticia da fabricação de cerveja no país (Cervejaria Brazileira). Pouco tempo depois, em 1846, G. H. Ritter instalou uma cervejaria na região de Nova Petrópolis (RS), criando a marca Ritter, uma das precursoras da cervejaria no país. Ainda no século XIX, entre os anos 40 e 80, houve expansão do consumo cervejeiro, o que levou a popularização da cerveja no Brasil. Uma das marcas mais renomadas (Antartica) surgiu em 1882, com a associação entre Louis Bucher e Joaquim Salles. Pouco tempo depois (1888), surgiu também a Cervejaria Brahma, que produzia diariamente 12 mil litros e apresentava 32 funcionários.
Grupo 6
http://www.sociedadedacerveja.com.br/a-mulher-na-historia-…/
http://www.cervejasdomundo.com/Brasil.htm
Muito interessante o texto!
ResponderExcluirAcrescentando um pouco mais da importância histórica da cerveja, sobre o Santo Arnaldo, padroeiro dos cervejeiros, que possui duas versões, uma do século VII e outra do século XI:
A primeira versão, contada pela Saint Arnold Brewing, conta sobre um bispo austríaco de família privilegiada, nascido em 580, que aconselhava em seus sermões para os camponeses preferirem a cerveja à água para matar a sede, algo que não é totalmente ilógico dadas as baixas condições de higiene da época. Como a cerveja passa por um processo de fervura e fermentação, muitos dos microrganismos perigosos acabavam por ser eliminados. Aliás, é atribuída a Santo Arnaldo a seguinte frase: “Do suor do Homem e do amor de Deus veio a cerveja ao mundo”. No final da sua vida, Santo Arnaldo retirou-se para um mosteiro perto de Remiremont, França, onde viria a falecer a 16 de Agosto de 640.
A outra versão, contada pelo cervejólogo Michael Jackson (não, não é o rei do po, apesar do nome ser o mesmo), relata em seu livro "Great Beers of Belgium": Santo Arnaldo foi um monge beneditino que viveu no século XI e que terá nascido em Tiegem, zona ocidental da Flandres, tornando-se bispo nesta mesma região. Pregou na abadia de St. Médard, próximo de Soissons (pequena povoação junto a Reims) e chegaria mesmo ao cargo de bispo, tornando-se responsável máximo na abadia de Oudenburg, localizada entre Ostend e Bruges. Numa altura em que a região era assolada por uma terrível peste, Santo Arnaldo terá submergido o seu crucifixo num barril de cerveja e proclamado que seria mais seguro beber cerveja do que água. Tal facto pôs um fim rápido à praga, sendo que os pressupostos são os mesmos da história anterior.tra história relata ainda o milagre produzido por Santo Arnaldo, que conseguiu produzir cerveja numa abadia que tinha acabado de ser destruída.
Mesmo não sabendo qual das duas histórias é a verdadeira, , é interessante notar como a cerveja pode salvar muitas vidas devido ao seu processo de fabricação, onde as leveduras "retiram" as impurezas existentes na água, devido ao processo de fermentação alcoolica
Grupo 8 - Aline Campelo Mendes e Ana Laura Furlan Blanco