terça-feira, 24 de março de 2015

História da Fabricação de Cerveja

É difícil determinar a data exata em que a primeira cerveja foi produzida, mas acredita-se que tenha sido há mais de 10.000 anos, época em que o homem tomou conhecimento do processo de fermentação.  Especula-se que a descoberta da cerveja tenha ocorrido por acidente, possivelmente fruto da fermentação não induzida de algum cereal.
A primeira evidência arqueológica referente à produção de cerveja vem da Suméria, por volta de 6.000 a.C. Tratam-se de inscrições feitas numa pedra, relativas a um cereal que se utilizava em algo similar à produção de cerveja.  Os sumérios teriam percebido que a massa do pão, quando molhada, fermentava e, assim, imagina-se o surgimento de uma forma de cerveja primitiva, o “pão líquido”.
Na Antiguidade, a produção de cerveja era uma atividade caseira devido à natureza das matérias-primas utilizadas (grãos de cereais e leveduras), em que as mulheres eram encarregadas, já que elas também faziam os pães.  Durante o período babilônico, havia cerca de vinte diferentes tipos de cerveja, com base em diferentes combinações de plantas aromáticas  e no maior ou menor emprego de mel, cevada ou trigo. Hamurabi, rei da Babilônia, introduziu em seu famoso Código várias regras relacionadas à cerveja, como uma lei que decretava pena de morte a quem servisse cerveja de má qualidade.
Há registros de produção e consumo de cerveja também no Egito, Grécia e Roma. Na Idade Média, a cerveja ganhou um sabor mais parecido com o atual. Os gauleses passaram a fabricá-la com malte e os monges descobriram o lúpulo (Humulus lupulus, uma liana europeia) como conservante natural, utilizado também para dar amargor e aroma à cerveja.

A partir do século XIX a ciência e a técnica tornaram-se fundamentais para o produtor de cerveja. Em 1876, o cientista francês Louis Pasteur descobriu micro-organismos responsáveis pela deterioração do produto e que estes poderiam estar no ar, na água e nos equipamentos, o que fez com que limpeza e higiene se tornassem fundamentais dentro de uma cervejaria. Outros avanços ocorreram, como a separação de duas espécies de leveduras com metabolismos diferentes, feita por Emil Christian Hansen, originando as famílias Lager e Ale. Como a levedura influencia no sabor, a descoberta permitiu a padronização do sabor e qualidade da cerveja. 
No Brasil, a cerveja demorou a chegar, barrada pelos portugueses, que temiam perder o mercado de seus vinhos. Em 1808, a bebida foi trazida pela Família Real. A cerveja consumida pelos brasileiros era a gengibirra, produzida com gengibre, farinha de milho, casca de limão e água. Já a caramuru era uma mistura de milho, gengibre, açúcar mascavo e água, e fermentava durante uma semana.
Atualmente, os ingredientes para a fabricação de cerveja são água, lúpulo, malte (que tem origem na germinação de cereais sob condições ambientais controladas) e possivelmente adjuntos, como milho, trigo, cevada não maltada, arroz, aveia, açúcar e xaropes. No Brasil, o milho é um importante ingrediente da bebida e pode estar presente em, aproximadamente, até metade de sua composição. A cerveja mais consumida no país é a Pilsen, que se encaixa no tipo Lager. Trata-se de uma cerveja clara, leve e refrescante. Entretanto, o segmento de cervejas Premium produzido por cervejarias artesanais, as microcervejarias, e também por grandes empresas de marcas importadas vêm crescendo no país. Os custos fixos das cervejarias brasileiras são altos, visto que há investimentos em projetos, equipamentos e empregados. Porém, o diferencial da indústria cervejeira no Brasil é a forma como o produto é distribuído: a rapidez e o seu alcance.
                 Fonte: http://media-1.web.britannica.com/eb-media/69/74269-004-ABB99B13.jpg
Cada região do mundo segue alguns parâmetros para produção de cerveja, o que define as escolas cervejeiras. A escola alemã é regida pela Lei da Pureza, de 1516, que determina o que pode ser usado como ingredientes da bebida: apenas malte, cevada, água e lúpulo, além das leveduras, que não eram conhecidas na época. A cerveja tem qualidade técnica, mas sem espaço para criatividade e inovação. Já a escola inglesa produz cervejas mais amargas e secas. A escola belga, por sua vez, é composta por vários estilos, produzindo cervejas originais e complexas, podendo-se adicionar semente de coentro, casca de laranja e canela, entre outros. Recentemente, vêm se estabelecendo uma escola estadunidense, que é caracterizada pela nova interpretação de estilos de cerveja já existentes.
No Brasil, têm crescido o mercado de cervejas artesanais. A origem da cerveja artesanal é alemã e, de acordo com a tradição germânica, tem ingredientes limitados. No entanto, alguma cervejarias rejeitam a lei germânica e seguem a escola belga, mais elástica, e incorporam ingredientes como casca de laranja, pimenta-da-jamaica, alfarroba, rapadura e mandioca em busca de uma identidade nacional, aromas e sabores diferentes.     


Autores: Laura Braun Cano, Luiza Dias Ferreira Leite Mendonça, Olivia Ambrosini e Wendy Ishimoto


Bibliografia utilizada:

5 comentários:

  1. Muito legal!!! Eu só gostaria de acrescentar o quanto a história de Ribeirão Preto está associada a cerveja! Seremos em 2015 a cidade com maior número de cervejaria artesanais e a que mais produz essa mercadoria no estado de São Paulo. Sendo um total de quatro fábricas, que produzem juntas 235 mil litros de cerveja. Entre essas marcas temos: a Invicta, Klaro Chopp, Colorado e a Lund. Ainda nesse ano duas novas cervejarias devem se instalar: a Walfaganger e a Weird Barrel, que juntas devem produzir 17 mil litros de cerveja por mês!!!
    Eu gostaria de aproveitar e fazer uma propaganda da cervejaria Avenida 42, de Araraquara-SP, por ser uma ótima marca, apesar de tão nova no mercado! (; kkkkkk

    Danilo Sasso Augusto

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  2. Cerveja, uma arte! Haha, muito legal o texto.

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  3. Muito bom o texto! Achei super curioso o que comentaram do rei Hamurabi, formular em seu código uma lei que decretava pena de morte a quem servisse cerveja de má qualidade.
    ;)

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  4. Oi pessoal, achamos o texto bem interessante e, como curiosidade, trouxemos um pouco sobre a história da mulher na cerveja. Na Mesopotâmia, as mulheres eram responsáveis pelo cultivo de grãos e fabricação de alimentos. Segundo uma lenda, uma mulher deixou um recipiente contendo grãos na chuva, que fermentaram, criando a primeira cerveja.
    Até a Revolução Industrial, cervejeira era uma profissão feminina. Além disso, foi Hildergardis De Bingen, uma cientista e abadessa que introduziu o lúpulo a produção de cerveja, substância esta que contribui com a preservação do líquido e é responsável por seus aromas e sabores.
    Além disso, ficamos curiosos quanto à origem da cerveja no Brasil e as primeiras grandes marcas nacionais. As primeiras referências à cerveja são do século XVII, porém sua ascensão foi lenta devido à preferência ao vinho e cachaça. Em 1836, surgiu uma noticia da fabricação de cerveja no país (Cervejaria Brazileira). Pouco tempo depois, em 1846, G. H. Ritter instalou uma cervejaria na região de Nova Petrópolis (RS), criando a marca Ritter, uma das precursoras da cervejaria no país. Ainda no século XIX, entre os anos 40 e 80, houve expansão do consumo cervejeiro, o que levou a popularização da cerveja no Brasil. Uma das marcas mais renomadas (Antartica) surgiu em 1882, com a associação entre Louis Bucher e Joaquim Salles. Pouco tempo depois (1888), surgiu também a Cervejaria Brahma, que produzia diariamente 12 mil litros e apresentava 32 funcionários.

    Grupo 6

    http://www.sociedadedacerveja.com.br/a-mulher-na-historia-…/
    http://www.cervejasdomundo.com/Brasil.htm

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  5. Muito interessante o texto!

    Acrescentando um pouco mais da importância histórica da cerveja, sobre o Santo Arnaldo, padroeiro dos cervejeiros, que possui duas versões, uma do século VII e outra do século XI:

    A primeira versão, contada pela Saint Arnold Brewing, conta sobre um bispo austríaco de família privilegiada, nascido em 580, que aconselhava em seus sermões para os camponeses preferirem a cerveja à água para matar a sede, algo que não é totalmente ilógico dadas as baixas condições de higiene da época. Como a cerveja passa por um processo de fervura e fermentação, muitos dos microrganismos perigosos acabavam por ser eliminados. Aliás, é atribuída a Santo Arnaldo a seguinte frase: “Do suor do Homem e do amor de Deus veio a cerveja ao mundo”. No final da sua vida, Santo Arnaldo retirou-se para um mosteiro perto de Remiremont, França, onde viria a falecer a 16 de Agosto de 640.


    A outra versão, contada pelo cervejólogo Michael Jackson (não, não é o rei do po, apesar do nome ser o mesmo), relata em seu livro "Great Beers of Belgium": Santo Arnaldo foi um monge beneditino que viveu no século XI e que terá nascido em Tiegem, zona ocidental da Flandres, tornando-se bispo nesta mesma região. Pregou na abadia de St. Médard, próximo de Soissons (pequena povoação junto a Reims) e chegaria mesmo ao cargo de bispo, tornando-se responsável máximo na abadia de Oudenburg, localizada entre Ostend e Bruges. Numa altura em que a região era assolada por uma terrível peste, Santo Arnaldo terá submergido o seu crucifixo num barril de cerveja e proclamado que seria mais seguro beber cerveja do que água. Tal facto pôs um fim rápido à praga, sendo que os pressupostos são os mesmos da história anterior.tra história relata ainda o milagre produzido por Santo Arnaldo, que conseguiu produzir cerveja numa abadia que tinha acabado de ser destruída.

    Mesmo não sabendo qual das duas histórias é a verdadeira, , é interessante notar como a cerveja pode salvar muitas vidas devido ao seu processo de fabricação, onde as leveduras "retiram" as impurezas existentes na água, devido ao processo de fermentação alcoolica


    Grupo 8 - Aline Campelo Mendes e Ana Laura Furlan Blanco

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