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O comércio de especiarias existe desde a antiguidade, e teve
um importante destaque no surgimento das Grandes Navegações, durante os séculos
XV e XVI. A partir das Cruzadas
na Idade Média
houve um grande interesse no comércio de especiarias na Europa, devido ao seu
uso na culinária e na medicina. Desenvolveu-se, em particular, o consumo de
especiarias oriundas das regiões tropicais, principalmente do sul e sudeste
asiático, uma vez que o clima da Europa não permitia o cultivo de muitas
variedades. As mais procuradas nesta época eram a pimenta-do-reino,
o cravo,
a canela e
a noz-moscada.
Devido à dificuldade em obtê-las, as especiarias passaram a ser consideradas
produtos de luxo. Era comum o seu uso para pagamento de impostos, dívidas,
acordos e subornos.
Com
o surgimento e crescimento da burguesia houve um aumento da demanda desses
produtos. Para atender a essa demanda, ampliou-se o comércio entre o Ocidente e
o Oriente
através de várias rotas terrestres e marítimas, que uniam não apenas a Europa
internamente, mas esta e a China e a Índia.
No século XV, os comerciantes de Gênova e Veneza detinham o monopólio do
comércio destas especiarias. Estas eram então levadas para Europa através da
rota do Mar Mediterrâneo, dominada pelos comerciantes italianos. As especiarias
eram compradas secas e tinham longa durabilidade e resistência a pragas,
portanto suportavam meses de viagem sem perder sua qualidade aromática e
medicinal.
Após
a Tomada de Constantinopla, em 1453, o comércio de especiarias ficou mais
difícil, uma vez que a rota dos mercadores cristãos foi bloqueada a partir do
domínio turco. Foi nessa época que se iniciou o declínio do monopólio italiano.
Para resolver o problema, os países ibéricos como Portugal e Espanha,
procuraram uma rota alternativa para chegar às especiarias. Portugal explorou a
rota oriental, contornando a África, e obteve muito sucesso, se tornando uma
potência econômica da época. A Espanha, por sua vez, explorou a rota ocidental,
e acabou chegando à América. Com a colonização do território americano, os
europeus introduziram nessas regiões o plantio de especiarias, barateando o
custo. Desta forma, o comércio de especiarias pode ser considerado como um dos
grandes propulsores da expansão marítima e das grandes navegações.
Atualmente,
as especiarias são ainda amplamente utilizadas na culinária como temperos, e nas
últimas décadas descobriu-se que estes produtos podem conter propriedades
medicinais, por exemplo, cumprindo a função de antibióticos, como é o caso do
coentro, do cominho e do anis. Outra função que é atribuída a várias
especiarias é a propriedade antioxidante, bem como a prevenção ao câncer no
caso de certas espécies.
Autores: Aline Maria Lucchetta, Enrico Cerioni Spiropulos Gonçalves e Rodrigo
Guedes Hakime
Bibliografia utilizada:
·
Herbal Medicine: Biomolecular and Clinical
Aspects. Caefer CM, Milner JA. 2nd Edition. Chapter 17: Herbs and Spices in
Cancer Prevention and Treatment. 2011.
·
Bracht F, Conceição GC, Santos CFM. A América
conquista o mundo: uma história da disseminação das especiarias americanas a
partir das viagens marítimas do século XVI. Revista
Brasileira de Pesquisa em Alimentos. 2011.
·
Singh G, Kapoor IPS, Pandey SK, Singh UK, Singh
RK. Studies on essential oils: Part 10; Antibacterial activity of volatile oils
of some spices. Phytotherapy Research.
2002.