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Os óleos essenciais constituem os
elementos voláteis contidos em vários órgãos das plantas e assim são
denominados devido à natureza lipofílica que apresentam, sendo, entretanto, quimicamente
diferentes da composição glicerídica dos verdadeiros óleos e gorduras. Estão
associados a várias funções necessárias à sobrevivência do vegetal em seu
ecossistema, exercendo papel fundamental na defesa contra microorganismos e
predadores, e também na atração de insetos e outros agentes fecundadores. Em
sua maioria, são constituídos de substâncias terpênicas e eventualmente de
fenilpropanóides, acrescidos de moléculas menores, como álcoois, ésteres,
aldeídos e cetonas de cadeia curta. O perfil terpênico apresenta normalmente
substâncias com moléculas de dez e quinze carbonos (monoterpenos e
sesquiterpenos), mas, dependendo do método de extração e da composição da
planta, terpenos menos voláteis podem aparecer na composição do óleo essencial.
Na prática popular, os óleos
essenciais possuem uma larga tradição de uso, desde a utilização para acentuar
o aroma ou gosto dos alimentos até o uso como agentes medicinais, que é
conhecido desde a remota antiguidade.
Há registros pictóricos de seis
mil anos atrás, entre os egípcios, de práticas religiosas associadas à cura de
males, às unções da realeza, e à busca de bem-estar físico, através dos aromas
obtidos de partes específicas de certos vegetais, como resinas, folhas, flores,
sementes, etc. O Egito parece ter sido o berço da destilação, com óleos
essenciais usados como perfumes. Usavam os óleos no processo de embalsamento
dos cadáveres, conheciam bem a cosmetologia e os tratamentos com ervas. Os sacerdotes fabricavam pomadas e “ungentos”
medicinais, tendo grande domínio das técnicas de extração dos compostos
vegetais por destilação e infusão a quente, conheciam as propriedades
terapêuticas de certas drogas e tinham noções básicas de farmacodinâmica. O
óleo essencial de mirra, por exemplo, era usado como anti-inflamatório e as
fraturas ósseas eram tratadas com misturas de plantas e óleos. Na tumba de
Tutancâmon (1550 – 1295 a. C.) foram encontrados óleos aromáticos de cedro,
coentro, mirra, olíbano e zimbro, em aromatizadores, bandagens e envasados em
frascos. Cleópatra (69 – 30 a. C.) eternizou a arte da perfumaria sedutora.
Usava um perfume especial feito com óleo essencial de flores de henna, açafrão,
menta e zimbro.
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Os gregos teriam passado seu conhecimento sobre os óleos aromáticos aos romanos, que se tornariam grandes conhecedores de perfumes. Na Babilônia (1500 a. C.), o uso de óleos essenciais, principalmente cedro fazia parte da rotina de cuidados com a saúde. As tabuinhas babilônicas citam 250 ervas e óleos com propriedades medicinais que poderiam ser misturados na forma de cataplasma, infusões, inalações e linimentos.
As substâncias aromáticas também
já eram populares nas antigas China e Índia, centenas de anos antes da era
cristã, quando eram incorporados em incenso, poções e vários tipos de
acessórios, usados diretamente sobre o corpo.
Hipócrates (460 a. C.) tornou-se
o primeiro a considerar a massagem com óleos essenciais uma terapia,
difundindo-a entre a comunidade científica. Teofrasto (372 – 287 a. C.) pode
ser considerado pioneiro em suas pesquisas sobre óleos essenciais e seus
efeitos. Entre seus trabalhos está o guia relativo aos odores em que analisa os
efeitos distintos dos diversos aromas sobre o pensamento, os sentimentos e a
saúde. Mas foi Pedânio Dioscórides (90 – 40 a. C.) que foi realmente inovador
organizando o receituário de ervas e óleos medicinais conhecido como Herbário,
usado durante os 1500 anos seguintes pelos médicos.
O pioneiro na extração de óleo
essencial de rosa por destilação foi Avicena (980 – 1037 d. C.), mas o método
levou muitos anos para ser aperfeiçoado. Posteriormente, os doutores árabes e
os alquimistas inventaram a serpentina com o objetivo de refrigerar os produtos
destilados. Bem mais tarde, no século XV, óleos essenciais eram exportados como
fragrâncias da Itália para toda a Europa, visando tanto a cosmética como a
terapêutica.
Até os dias de hoje os óleos
essenciais se mostram importantes e principalmente foram muito difundidos na
produção dos perfumes. O fascínio exercido pelo perfume inspira poetas e
artistas e deu origem a um best-seller com mais de 15 milhões de cópias
vendidas no mundo todo. A obra do alemão Patrick Süskind, de 1985, narra a
história do francês com olfato apuradíssimo, capaz a reconhecer cheiros a
quilômetros de distância, ganhou uma versão para o cinema com o filme Perfume – A história de um assassino. Em flashback, o filme conta a história
do aprendiz de perfumista Jean-Baptiste Grenouille que estava a ponto de ser
guilhotinado, acusado se assassinar várias mulheres.
Autores: Caio César, Fernanda Arab, Loyná Flores e Florença Silvério
Bibliografia utilizada:
Muito interessante as informações trazidas no texto, porém ficamos curiosos em relação ao nosso país, sobre o "poder econômico" desse setor e quais os principais óleos extraídos no país.
ResponderExcluirEm 2009, o Brasil era um dos principais exportadores de óleos essenciais de laranja, limão e outros cítricos, que são produzidos a partir dos subprodutos da indústria de suco Porém parece não haver um padrão de qualidade na manutenção dos óleos, tampouco representatividade nacional e investimento do governo, estagnando esse setor. Outros óleos exportados pelo Brasil são os de eucalipto. Os óleos extraídos de Eucalyptus globosus têm uso medicinal, enquanto E. citriodora e E. stalgeriana são utilizadas na perfumaria. Além disso, é o único exportador dos óleos de pau-rosa (Aniba roseaodora). O país também exporta óleos de vetiver, citronela, capim limão, sassafrás e menta.
Bizzo, H. R.; Hovell, A. M. C.; Rezende, C. M. Óleos essenciais no Brasil: Aspectos gerais, desenvolvimento e perspectiva. Química Nova, v. 32, n. 3 , pp. 588-594, 2009.
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