terça-feira, 26 de maio de 2015

Óleos essenciais, Cleópatra e a história de um assassino

Fonte: Google Imagens
Os óleos essenciais constituem os elementos voláteis contidos em vários órgãos das plantas e assim são denominados devido à natureza lipofílica que apresentam, sendo, entretanto, quimicamente diferentes da composição glicerídica dos verdadeiros óleos e gorduras. Estão associados a várias funções necessárias à sobrevivência do vegetal em seu ecossistema, exercendo papel fundamental na defesa contra microorganismos e predadores, e também na atração de insetos e outros agentes fecundadores. Em sua maioria, são constituídos de substâncias terpênicas e eventualmente de fenilpropanóides, acrescidos de moléculas menores, como álcoois, ésteres, aldeídos e cetonas de cadeia curta. O perfil terpênico apresenta normalmente substâncias com moléculas de dez e  quinze carbonos (monoterpenos e sesquiterpenos), mas, dependendo do método de extração e da composição da planta, terpenos menos voláteis podem aparecer na composição do óleo essencial. 
Na prática popular, os óleos essenciais possuem uma larga tradição de uso, desde a utilização para acentuar o aroma ou gosto dos alimentos até o uso como agentes medicinais, que é conhecido desde a remota antiguidade.
Há registros pictóricos de seis mil anos atrás, entre os egípcios, de práticas religiosas associadas à cura de males, às unções da realeza, e à busca de bem-estar físico, através dos aromas obtidos de partes específicas de certos vegetais, como resinas, folhas, flores, sementes, etc. O Egito parece ter sido o berço da destilação, com óleos essenciais usados como perfumes. Usavam os óleos no processo de embalsamento dos cadáveres, conheciam bem a cosmetologia e os tratamentos com ervas.  Os sacerdotes fabricavam pomadas e “ungentos” medicinais, tendo grande domínio das técnicas de extração dos compostos vegetais por destilação e infusão a quente, conheciam as propriedades terapêuticas de certas drogas e tinham noções básicas de farmacodinâmica. O óleo essencial de mirra, por exemplo, era usado como anti-inflamatório e as fraturas ósseas eram tratadas com misturas de plantas e óleos. Na tumba de Tutancâmon (1550 – 1295 a. C.) foram encontrados óleos aromáticos de cedro, coentro, mirra, olíbano e zimbro, em aromatizadores, bandagens e envasados em frascos. Cleópatra (69 – 30 a. C.) eternizou a arte da perfumaria sedutora. Usava um perfume especial feito com óleo essencial de flores de henna, açafrão, menta e zimbro.
Fonte: Google Imagens
Há relatos de que os indus na antiguidade já tinham conhecimento dos processos de extração dos óleos essenciais e dos produtos destilados. Provavelmente, faziam extratos alcóolicos e não óleos essenciais puros, empregados tanto como perfume quanto em cerimônias religiosas, além do uso terapêutico.
Os gregos teriam passado seu conhecimento sobre os óleos aromáticos aos romanos, que se tornariam grandes conhecedores de perfumes. Na Babilônia (1500 a. C.), o uso de óleos essenciais, principalmente cedro fazia parte da rotina de cuidados com a saúde. As tabuinhas babilônicas citam 250 ervas e óleos com propriedades medicinais que poderiam ser misturados na forma de cataplasma, infusões, inalações e linimentos.
As substâncias aromáticas também já eram populares nas antigas China e Índia, centenas de anos antes da era cristã, quando eram incorporados em incenso, poções e vários tipos de acessórios, usados diretamente sobre o corpo.
Hipócrates (460 a. C.) tornou-se o primeiro a considerar a massagem com óleos essenciais uma terapia, difundindo-a entre a comunidade científica. Teofrasto (372 – 287 a. C.) pode ser considerado pioneiro em suas pesquisas sobre óleos essenciais e seus efeitos. Entre seus trabalhos está o guia relativo aos odores em que analisa os efeitos distintos dos diversos aromas sobre o pensamento, os sentimentos e a saúde. Mas foi Pedânio Dioscórides (90 – 40 a. C.) que foi realmente inovador organizando o receituário de ervas e óleos medicinais conhecido como Herbário, usado durante os 1500 anos seguintes pelos médicos.
O pioneiro na extração de óleo essencial de rosa por destilação foi Avicena (980 – 1037 d. C.), mas o método levou muitos anos para ser aperfeiçoado. Posteriormente, os doutores árabes e os alquimistas inventaram a serpentina com o objetivo de refrigerar os produtos destilados. Bem mais tarde, no século XV, óleos essenciais eram exportados como fragrâncias da Itália para toda a Europa, visando tanto a cosmética como a terapêutica.

Até os dias de hoje os óleos essenciais se mostram importantes e principalmente foram muito difundidos na produção dos perfumes. O fascínio exercido pelo perfume inspira poetas e artistas e deu origem a um best-seller com mais de 15 milhões de cópias vendidas no mundo todo. A obra do alemão Patrick Süskind, de 1985, narra a história do francês com olfato apuradíssimo, capaz a reconhecer cheiros a quilômetros de distância, ganhou uma versão para o cinema com o filme Perfume – A história de um assassino. Em flashback, o filme conta a história do aprendiz de perfumista Jean-Baptiste Grenouille que estava a ponto de ser guilhotinado, acusado se assassinar várias mulheres.


Autores: Caio César, Fernanda Arab, Loyná Flores e Florença Silvério


Bibliografia utilizada:

Um comentário:

  1. Muito interessante as informações trazidas no texto, porém ficamos curiosos em relação ao nosso país, sobre o "poder econômico" desse setor e quais os principais óleos extraídos no país.
    Em 2009, o Brasil era um dos principais exportadores de óleos essenciais de laranja, limão e outros cítricos, que são produzidos a partir dos subprodutos da indústria de suco Porém parece não haver um padrão de qualidade na manutenção dos óleos, tampouco representatividade nacional e investimento do governo, estagnando esse setor. Outros óleos exportados pelo Brasil são os de eucalipto. Os óleos extraídos de Eucalyptus globosus têm uso medicinal, enquanto E. citriodora e E. stalgeriana são utilizadas na perfumaria. Além disso, é o único exportador dos óleos de pau-rosa (Aniba roseaodora). O país também exporta óleos de vetiver, citronela, capim limão, sassafrás e menta.

    Bizzo, H. R.; Hovell, A. M. C.; Rezende, C. M. Óleos essenciais no Brasil: Aspectos gerais, desenvolvimento e perspectiva. Química Nova, v. 32, n. 3 , pp. 588-594, 2009.

    Grupo 6

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