terça-feira, 19 de maio de 2015

A importância da mandioca na África

     A Mandioca é uma planta a muito utilizada como alimento pela humanidade. Atualmente é cultivada principalmente na África, Ásia e América Latina. Conhecida no meio acadêmico como Manihot esculenta, a mandioca é uma planta da família Euphorbiaceae, que é amplamente cultivada devido a sua capacidade de ser cultivada em solos pobres, já que, requer relativamente poucos insumos durante o seu crescimento. A mandioca é a segunda cultura com maior produção de alimento energético por área, depois de cana-de-açúcar. 
     Pode ser colhida em qualquer dia do ano e constitui o alimento básico para mais de 700 milhões de pessoas em pelo menos 105 países.
Com uma produção acima de 170 milhões de toneladas, a mandioca constitui uma das principais explorações agrícolas do mundo (Tabela 1). Entre as tuberosas, perde apenas para a batata. Nos trópicos, essa importância aumenta.
     Dentre os continentes, a África (53,32%) é o maior produtor mundial, seguido pela Ásia (28,08%), Américas (18,49%) e Oceania (0,11%). Quanto ao rendimento, medido em toneladas por hectare, destacam-se a Ásia (14,37 t/ha) e as Américas (12,22 t/ha), seguidas pela Oceania (11,57 t/ha) e África (8,46 t/ha) (Tabela 1).


Tabela 1. Área colhida, produção e rendimento da mandioca no mundo, por continente, em 2000.

Continentes
Área Colhida (ha)
Produção (t)
Rendimento (t/ha)
África
10.804.484
91.451.289
8,46
Ásia
3.351.119
48.163.007
14,37
Américas
2.596.719
31.719.755
12,22
Oceania
15.848
183.292
11,57
Mundo
16.768.170
171.517.343
10,23



    Fonte: FAO, 2001

    
A plantação da mandioca é de grande importância para o continente africano, haja vista que é a maior produtora no mundo dessa raiz. A produção é distribuída por vários países, com destaque para a Nigéria e a República Democrática do Congo que, juntos, contribuem com aproximadamente metade da produção do continente.
   Os principais problemas agrícolas da cultura na África são:
a) baixo nível tecnológico;
b) incidência de doenças, principalmente o mosaico africano;
c) ocorrência de pragas, como cochonilha, ácaros, gafanhoto, etc.
     Apesar dos revezes, a mandioca continua sendo uma preferência, já que pode ser mantida no solo durante um período de até dois anos e colhida quando necessária. Contudo, uma vez colhida, a mandioca fresca é altamente perecível, sendo imprópria  para ser vendida em mercados distantes. Há também uma elevada demanda por chips de mandioca, usados como alimentos para animais. Contudo, na média africana, cerca de 90% produção é destinada ao consumo humano e apenas 10% é processada como alimentos para animais.
    
Há algumas variedades amargas que apresentam teor de amido mais elevado, sendo mais adequadas  para a produção de amido de alto valor e maltose, ambos para uso industrial. Na África, as variedades amargas são muitas vezes preferidas pelos agricultores, já que resistem melhor às pragas.
     Em toda a África, as mulheres são as maiores responsáveis pela maior parte da colheita de mandioca e ainda como ajudam no processamento e no transporte. No entanto, como o processamento torna-se cada vez mais mecanizado, os homens tendem a assumir essas atividades.
    As folhas são consumidas como vegetais verdes e as raízes como alimento básico que também é transformada em diversos produtos, tais como gari, chikwangue, cascas, fufu, tapioca, etc. Ultimamente, cresce muito a produção de amido e de HQCF (“Farinha de Mandioca de Alta Qualidade”), principalmente nas pequenas fábricas da Nigéria que apesar de apresentarem um produto de alta qualidade e higiene, ainda produzem muito pouco. Trata-se de uma perfeita substituta para o amido de trigo e de milho, ambos importados, já que é bem mais barata
     Na Nigéria, a Iniciativa Presidencial para a Mandioca, iniciada em 2003, criou um mercado mais amplo para a farinha de mandioca, promovendo o uso de 10% de farinha de mandioca no pão à base de trigo. Isso levou ao aumento de 48% na produção de HQCF e de amido, levou também ao estabelecimento de mais de 500 centros de microprocessamentos e mais de 100 de processamento por pequenas e médias empresas.

Autores: Andersom Rosário Prado, Danilo Sasso Augusto, Gabriel José de Carlo, João Pedro Trevisan dos Santos, Vitor Antonelli Breda



Importância da mandioca no Brasil


      A mandioca é uma raiz que está altamente enraizada na cultura e história do Brasil, e desse modo possui várias origens folclóricas. Uma delas, é em relação à uma pequena india chamada Mani, que subitamente morre e é enterrada dentro de sua oca. Sua tribo, como tradição, chorava sobre sua sepultura diariamente. Deste processo brotou uma planta, cuja raíz era escura por fora e branca por dentro e que os índios interpretaram como um presente do deus Tupã. Batizaram-na de Mani, e como ela havia brotado dentro de uma oca, compos-se “manioca”, conhecida hoje como mandioca.
Mandioca: base alimentar dos índios
http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes
/capadr/audiencias-publicas/audiencias-publicas-2013/audiencia-publica
-16-de-abril-de-2013-embrapa-mandioca

A cultura da mandioca, aipim ou macaxeira tem sua origem provável nas regiões centrais do Brasil e já eram cultivadas pelos indígenas muito antes da colonização, sendo encontrado um registro da sua utilização em uma carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal: “Eles (os indígenas) não comem senão d’outra coisa a não ser dum inhame (mandioca) que brota da terra”.
A mandioca é cultivada em todas as regiões do Brasil, assumindo destacada importância na alimentação humana e animal, além de ser utilizada como matéria-prima em inúmeros produtos industriais. Tem ainda papel importante na geração de emprego e de renda, notadamente nas áreas pobres da Região Nordeste. Considerando-se a fase de produção primária e o processamento de farinha e fécula, estima-se que são gerados, no Brasil, um milhão de empregos diretos. Além disso, avalia-se que a atividade mandioqueira proporcione uma receita bruta anual equivalente a 2,5 bilhões de dólares e uma contribuição tributária de 150 milhões de dólares.
Existe uma certa divisão do sistema de produção de mandioca no Brasil, sendo que dos 60% das plantações com menos de 10 hectares, 76% estão no Norte e Nordeste, correspondendo a pequenas produções, principalmente para farinha, com mão de obra própria, pouca tecnologia e capital, e comercialização local. A produção em maior escala para finalidades industriais, (mais de 50 hectares) localizam-se nas regiões Sul e Sudeste, utilizando mão de obra terceirizada, maior quantidade de insumos, capital e tecnologia, sendo distribuída para uma variedade de mercados.
Alguns fatores dificultam os avanços mais significativos na qualidade e produtividade da produção brasileira. Entre esses, podemos citar: o cultivo em áreas marginais (solo com baixa fertilidade, chuvas insuficientes), a rusticidade da planta induz menor demanda tecnológica, as peculiaridades regionais dificultam os resultados de pesquisas (há uma forte interação genótipo x ambiente), além disso, o investimento em pesquisas é inferior ao aplicado em outros tipos de cultivo.
Mesmo assim, o  Brasil ocupa a segunda posição na produção mundial de mandioca (12,7% do total).
A raiz da mandioca é utilizada para elaborar uma série de produtos amiláceos, farinhas e amidos naturais ou modificados. A fração amilácea extraída proporciona a fécula, de consumo direto em alimentos (biscoitos, bolos, pudins, molhos) ou industrial (alimentos processados, têxteis, papel, tintas, medicamentos). Em uma segunda transformação, pode-se produzir polvilho azedo, do qual se prepara uma série de produtos da culinária, como biscoitos doces e salgados, e o popular pão de queijo.
Além disso, a mandioca produz raspas, farinhas de raspas, pellets e álcool. Ainda podemos citar os produtos regionais (beiju, tapioca, carimã ou massa puba, tucupi e tacacá), que demonstram como a mandioca é importante como base alimentar e como componente da cultura brasileira.


Autores: Carla Kuhl, Elis Regina Mesquita, Isabela Gerdes Gyuricza, José Ikeda Neto e Marcela Oliveira.


Bibliografia utilizada: