Todos
os produtos hoje utilizados e produzidos pelo ser humano possuem como
matéria-prima produtos naturais. Estes produtos podem ser de origem animal,
mineral ou vegetal por exemplo. Em todas as épocas e culturas, as fibras
vegetais foram úteis em trançados, fixação, vestuários, adornos, cordoaria,
alimentos e outros usos econômicos, culturais e arquitetônicos, fundamentais ao
desenvolvimento das relações sociais e econômicas internas e externas entre povos
e culturas.
O tecido vegetal esclerênquima é
formado por dois tipos de células: os esclereídes, ou células curtas, e as
fibras esclerenquimáticas, células alongadas, resistentes e flexíveis que são o
principal componente das fibras vegetais. Atualmente, as fibras vegetais possuem diversas aplicações
industriais e comerciais em muitas atividades cotidianas fundamentais à
economia, saúde humana e animal, construção civil, vestuário, cosméticos e
indústria automobilística.
As fibras vegetais são formadas
por diversos componentes químicos constituídos a base de Hidrogênio (H) e
Carbono (C), sendo os principais a celulose, a hemicelulose e a lignina.
De acordo com a sua origem as fibras vegetais podem ser agrupadas em fibras de
semente, raiz, caule, folhas e fruto do coco.
As
palmeiras são importantes fornecedores de fibras. Dá-se o nome de palmeira às árvores pertencentes á
família Arecaceae. No Brasil, ocorrem 390 palmeiras nativas, sendo a maioria
originaria da região amazônica, que conta com 290 espécies. Das palmeiras podem ser extraídos diversos
produtos, que são importantes principalmente em comunidades tradicionais. Dessa
forma, estas plantas apresentam importância no mercado local, nacional e
internacional, seja na produção de palmito, polpa, fibras ou óleos.
Atualmente diferentes
tecnologias recebem investimentos que objetivam a elaboração de materiais
sintéticos que imitam as fibras naturais, mas especialmente que otimizam o uso
e a aplicação destas fibras, dado a larga utilidade e qualidade como material.
Buriti
O buriti foi classificado pelos
naturalistas estrangeiros como umas das árvores da vida, pois dele se aproveita
tudo. As fibras, retiradas das folhas do buriti, são bastante utilizadas no
artesanato nordestino. O talo mais duro
serve para fazer cestas e cabos de vassoura. As tiras mais grossas são
utilizadas na fabricação de tapetes e esteiras e as mais finas são usadas em
para confeccionar bijuterias, chapéus, bolsas, toalhas de mesa, brinquedos, etc.
Coco
As características da
fibra, como coloração uniforme, elasticidade, durabilidade e resistência à
tração e à umidade, oferecem muitas possibilidades de utilização como
matéria-prima natural para a indústria na fabricação de xaxins, esteiras, cordas,
tapetes, escovas, vassouras. A fibra de coco também pode auxilia na área
agrícola como matéria-prima para controle de erosão e repovoamento da vegetação
de áreas degradas. Por sua lenta decomposição, protege o solo diminuindo a
evaporação, aumentando a retenção e a atividade microbiana do solo. Tem-se
também utilizado esta fibra como reforço em matrizes poliméricas, por exemplo,
em compósitos com plásticos, apresentando vantagens quando comparada a outros
materiais sintéticos, com relação a biodegradabilidade e a reciclabilidade.
O marfim-vegetal ou jarina (Phytelephas macrocarpa) é uma
palmeira de crescimento lento com belas frondes que brotam diretamente do chão.
Logo abaixo das folhas nascem grandes aglomerados fibrosos que consistem em
frutos lenhosos bem compactos. As folhas (palhas) são utilizadas na cobertura
de casas por populações locais e as fibras para confecção de cordas. Contudo, a
parte mais usada da planta é a semente sendo a mais nobre da Amazônia para uso em biojóias. O marfim vegetal é uma alternativa ecológica e
prática, por se parecer com o de origem animal.
A palmeira Attalea funifera Martius, conhecida por
piaçava ou piaçaba, é espécie nativa e endêmica do sul do Estado da Bahia. Produtora
de fibra longa, resistente, rígida, lisa, de textura impermeável e de alta
flexibilidade, essa palmeira se desenvolve bem em solos de baixa fertilidade e
com características físicas inadequadas para a exploração econômica de muitos
cultivos. A importância
econômica da piaçaveira está na extração das suas fibras industriais,
destacando-se a fabricação de vassouras, enchimento nos assentos de carros, cordoaria
e escovões.
Autores: Caio César Damasceno Monção,
Florença Freitas Silvério, Fernanda E. Arab, Loyná Eua Flores e Paez.
Bibliografia utilizada:
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