Não
se sabe ao certo quando teve início a produção do vinho. Arqueologistas
acreditam que o acúmulo de sementes de uva encontradas em escavações na
Turquia, Síria e Rússia, e que datam cerca de 8000 a.C., possam indicar o
suposto início do cultivo e produção da uva e do vinho. Segundo a bíblia, Noé
teria plantado uma videira logo após o grande dilúvio, a qual posteriormente
teria usado para produzir o vinho e se embriagar. Além disso, registros da
celebração e da vinificação foram encontradas em pinturas expostas em túmulos
egípcios que datam 1000 a 3000 a.C.. Nessas pinturas, processos como a
colheita, a prensagem e a fermentação eram retratados com detalhes. Através
dessas pinturas foi possível inferir que o vinho naquela época era limitado aos
ricos, que o bebiam em taças e em festividades.
Os
vinhedos, assim como os vinhos, também eram oferecidos aos deuses. Nesse
contexto, destacam-se a mitologia grega e romana. Na mitologia grega, o deus do
vinho Dionísio, filho de Zeus e Sémele, teve sua imagem atribuída à embriaguez
e à fertilidade, sendo o vinho bebido com a intenção de afastar as
preocupações. Para os romanos, o deus do vinho Baco se transforma em um leão,
que luta e devora os gigantes que escalam o céu e, assim como Dionísio, tem sua
imagem associada à embriaguez.
A uva, matéria prima do vinho, é
fruto da videira ou vinha (Vitis sp.).
Existem diversas variedades de uva, denominadas castas ou cepas. Cabernet
Sauvignon, Merlot e Chardonnay são uma das mais utilizadas na produção de vinho
e provêm da Vitis vinifera, planta de origem europeia, que é capaz
de acumular açúcar na proporção de ⅓ de seu volume.
http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2011/279/imagens /e-se-dionisio-02.jpg/image_large |
O
Brasil ocupa a 15ª posição no Ranking mundial de produção de vinhos e, de
acordo com o IBRAVIN (Instituto Brasileiro do Vinho), apresenta seis regiões
produtoras principais: o Planalto Catarinense (São Joaquim e Bom Retiro, SC),
os Campos de Cima da Serra (fronteira entre SC e RS), a Serra Gaúcha (Bento
Gonçalves), a Campanha Gaúcha e Serra do Sudeste (fronteira do Brasil com o
Uruguai – Santana do Livramento) e o Vale do São Francisco (Petrolina - PE,
Juazeiro - BA, Casa Nova - BA). O cultivo da uva envolve três
períodos: repouso, crescimento, elaboração. No primeiro a planta perde as
folhas e entra em latência (Abril a Julho). O segundo é caracterizado pelo
brotamento de folhas e floração (Agosto a Dezembro). No terceiro período há a
produção de frutos e a colheita dos mesmos (Dezembro a Março). As uvas, então,
passam pelo processo de fermentação, em que as moléculas de carboidrato, o
açúcar, será transformado em álcool, gás carbônico e energia por meio do
microorganismo Saccharomyces sp.
Depois, o produto fermentado ainda pode passar pelos processos de
estabilização, clarificação e filtração, engarrafamento e envelhecimento da
garrafa.
Os principais países
produtores de vinho se localizam entre as latitudes 30º e 50º e são Itália
(1º), França (2º), Espanha (3º) e
Estados Unidos (4º). Outros países que se destacam na vitinicultura são Chile
(10º) e Portugal (11º).
A
primeira videira plantada no Brasil foi em 1532 por Brás Cubas na cidade de São
Paulo, precisamente no atual bairro de Tatuapé. Com a vinda de italianos em
1875, iniciou-se a produção familiar de vinhos, muitas das quais ainda estão
presentes no mercado nacional. Foi só em
1970 que multinacionais se instalaram no Brasil, trazendo tecnologia,
variedades de mudas e capital, expandindo a produção e a comercialização do
vinho.
O
Rio Grande do Sul ocupa o lugar de maior produtor brasileiro desde 1980,
primeiro ano datado pela Embrapa, e em 2010 chegou a produzir cerca de 310
milhões de litros de vinho, um pouco a mais do que o dobro produzido em 1980. O
último dado fornecido pela Embrapa sobre a produção do vinho no Brasil indica
que a produção anual foi por volta de 376 milhões de litros, sendo que 358
milhões são provenientes do Rio Grande do Sul.
Em
2014, a Vinícula Miolo, que se localiza no Vale dos Vinhedos comercializou 100
mil caixas de vinho de janeiro a abril, o que levou ao faturamento de US$ 1,8
milhão e a expectativa para o ano era de, no mínimo, US$ 3 milhões, sendo que o
principal comprador da Vinícula nesse ano foi a Bélgica. Além disso, houve
incremento nas vendas na Alemanha e no Japão. Ainda em 2014, as demais
vinículas do Wines of Brasil exportaram US$ 5,75 milhões nos quatro primeiros
meses do ano, que já superava a meta esperada (US$ 5,5 milhões). A gerente do
Wines of Brasil acredita que a Copa
tenha influenciado o aumento da exportação dos vinhos brasileiros.
Autores:
Juliana Toshie Takata, Maiara Albanez Pereira, Rafaella Eduarda Volpi, Renan
Lopes Rodrigues.
Bibliografia utilizada:
- Johnson, H. “The Story of Wine”, Mitchell-Beazler, Londres, 1989.
- Alzer, C.; Braga, D. “Falando De Vinhos | Escolhendo Um Bom Vinho”, Senac Rio, Rio de Janeiro, 4 ed, 2010.
- AJZENBERG, Elza. Arte e vinho. Revista USP, Brasil, n. 96, p. 79-88, fev. 2013. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/52260/56295>. Acesso em: 15 Mar. 2015.
- Bárbara, Maria Leonor Santa. Dioniso e Adónis: as festas em sua honra. Revista da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, nº 17, pp. 161-168, 2005. Disponível em: < http://run.unl.pt/bitstream/10362/8047/1/RFCSH17_161_168.pdf>. Acesso em: 15 Mar. 2015.
- Instituto Brasileiro do Vinho. 2010. Principais regiões produtoras. Disponível em <http://www.ibravin.com.br/regioesprodutoras.php>.Acesso em: 15 Mar. 2015.
- Embrapa Uva e Vinho. Dados da Vitivinicultura. Disponível em <http://www.cnpuv.embrapa.br/prodserv/vitivinicultura/producao/2010_2014_rs.html>. Acesso em: 15 Mar. 2015.
- Os vinhos. 2013. Principais regiões produtoras de vinho. Disponível em <http://osvinhos.com .br/paises.htm>. Acesso em: 15 Mar. 2015.
- Veja. O mapa do vinho: principais países e regiões. Disponível em <http://veja.abril.com.br /especiais_online/o_mapa_do_vinho/>. Acesso em: 15 Mar. 2015.
- Jr. Orestes de Andrade. 2012. Conheça os segredos da vinícula brasileira que bateu todos os recordes de vendas ao exterior. Disponível em <http://www.pautasdeguarda.com/2014/06/conheca-os-segredos-da-vinicola.html>. Acesso em: 16 Mar. 2015.
Só faltou dizer que os vinhos combinam muito bem com queijos e carnes :P (e que uma taçinha ao dia faz bem á saúde).
ResponderExcluirTexto muito bom!
ResponderExcluirGostaria de saber qual a relação do vinho envelhecido ser mais valorizado (economicamente) e apreciado.
No mais, parabéns!
Olá Loyná, muito pertinente sua pergunta.
ResponderExcluirSegundo a revista Adega, isso vai de acordo com o gosto de cada um.
Os vinhos envelhecidos passam por um longo processo de maturação cujo tempo varia de acordo com o gosto do consumidor. O ditado "vinho bom é vinho envelhecido" não é válido para todos os vinhos. Para que o vinho possa ser envelhido determinadas características da uva e do processo de produção precisam ser analizados, caso contrário o vinho vira vinhagre. Taninos, acidez, álcool e açúcar residual são os principais fatores que determinam se um vinho é adequado para o envelhecimento ou não.
Grupo 6
http://revistaadega.uol.com.br/artigo/vinho-bom-e-vinho-velho_3196.html#ixzz3WjZuVUmG
http://revistaadega.uol.com.br/artigo/o-encanto-juvenil-dos-vinhos-envelhecidos_5779.html
PS: João Atílio entende de degustação de bons vinhos e queijo wink emoticon
Interessante a produção de vinhos na região nordeste brasileira. Nessa região existe a vantagem do clima semi árido que proporciona a possibilidade de ter uvas o ano todo, produzindo até três safras por ano. Essa nova atividade do Vale do São Francisco deve ter incrementado a economia e turismo da região, o que pode ser importante pro desenvolvimento econômico e social. Seria legal um texto só sobre a produção nordestina, quem sabe no próximo ano ;)
ResponderExcluirFlorença
Olá Florença, de fato a produção de vinhos no nordeste brasileiro tem crescido cada vez mais, incrementando a economia e o turismo da região. Sendo assim, por que esperar o próximo ano, para trazer essas informações?
ExcluirA região do Vale do São Francisco contém 7 vinícolas entre o Sertão de Pernambuco e o norte da Bahia, caracterizando essa região como a segunda maior produtora do Brasil, uma vez que permite a produção durante todo o ano. Segundo dados de 2014, detém 15% do mercado nacional, emprega 30 mil pessoas e produz 2,5 safras/ano, o que parece ser justificado pelo clima particular dessa região de Caatinga.
Essa região produz cerca de 7 milhões de litro/ano e, desde 2001, aumenta de 5 a 10% devido à implantação de novos pomares. Além disso, destaca-se pela variedade de uvas tintas (Syrah e Cabernet Sauvignon) e brancas (Moscatel, Muskadel, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Silvaner e Moscato Canelli). Além disso, novos vinhos com características da região tem sido testados pela Embrapa e Finep desde 2006.
A vinícola Vinibrasil é responsável por 1,5 milhão de litros. Outras vinícolas também se destacam na região, ao gerar 110 empregos diretos e 250 indiretos. Além destas as vinícolas Biachetti, que produz vinho fino orgânico e, a Garziera, que é pioneira no turismo do vinho e produção de suco natural de vinho.
Como foi mencionado o turismo do vinho, achamos interessante exemplificá-lo. A região de Lagoa Grande, por exemplo, é responsável pela Festa da Uva e do Vinho, na qual pode-se degustar uvas e vinhos da região, conhecer fazendas e o processo de cultivo e produção de vinho.
Trouxemos alguns pontos do assunto, mas a gama de informações sobre a produção e o turismo do vinho, os aspectos econômicos e sociais de desenvolvimento da região é tão grande que foi difícil sintetizar as informações. Deixamos também as referências que utilizamos, caso queira maior aprofundamento no assunto.
http://www.codevasf.gov.br/noticias/2014/rota-do-vinho-fortalece-turismo-gastronomico-no-vale-do-sao-francisco
http://www.academiadovinho.com.br/_regiao_mostra.php?reg_num=BR04
http://www.viticultura.org.br/materias/index.php?id=59Vale%20du%20S%C3%A3o%20Francisco
http://www.finep.gov.br/imprensa/revista/segunda_edicao/05_Brasil%20inova%20na%20produ%C3%A7%C3%A3o%20de%20vinhos%20tropicais.pdf