A
cana-de-açúcar foi a primeira cultura introduzida no Brasil, há aproximadamente
quatrocentos anos, visando a produção do açúcar, que na época tinha alto valor
de mercado. No entanto, com a problemática da poluição pelos combustíveis
fósseis e com a implantação do programa Pró-Alcool, em 1975, seu uso para a
produção de etanol ganhou imensa força no Brasil. Como os passos iniciais para
a produção de álcool e açúcar são basicamente os mesmos, os problemas
ambientais em sua cadeia apenas se agravaram.
Por
volta de 2010, o Brasil era responsável por cerca de 40% da produção de álcool
mundial, da qual 80% era consumida no mercado interno. Em relação ao açúcar, o
país é o maior produtor e exportador global, com cerca de 20% da produção e 40%
das vendas no mercado internacional.
Monocultura extensiva da cana de açúcar: um grande problema ambiental. http://www.ecodesenvolvimento.org/posts/2012/agosto/exportacoes-de-etanol-em-julho-tem-melhor/popup_impressao |
Segundo
a pesquisadora Maiara de Melo, “... desde o início da cultura canavieira se
observam problemas como o desmatamento e o desgaste do solo. É um modelo
econômico que nega e explora a natureza”. De fato, ambos os problemas apresentados
mostram-se verdadeiros: o desmatamento ocorre na busca por mais e maiores áreas
para o plantio da cana-de-açúcar, altamente lucrativo devido à alta demanda
tanto de açúcar quanto de álcool; o desgaste do solo acontece associado ao uso
de herbicidas, à utilização de queimadas, com o intuito de facilitar a
colheita, e ao cultivo da cana em monoculturas, onde o solo torna-se infértil
pelo esgotamento de seus nutrientes.
Queimadas: um problema não só ambiental, mas de
saúde pública. http://pedlowski.blogspot.com.br/2011/06/monocultura-da-cana-onde-ha-fumaca-tem.html |
Nessas
fases pode-se observar alto gasto de água (cerca de 1,4L para produzir 1L de
álcool, segundo Ballester) e emissão de poluentes atmosféricos pela utilização
de queimadas, caldeiras tecnologicamente atrasadas, torres de destilação e dornas
de fermentação. Além disso, há formação de fuligem pelas queimadas, consumo de
grandes quantidades de insumos químicos agressivos ao meio ambiente (e.g. óleo
diesel, soda cáustica, óleos lubrificantes e graxas não biodegradáveis), mau
gerenciamento dos resíduos industriais, falta de reservas florestais próximas
às regiões de cultivo e uso de vinhaça como fertilizante, a qual é rica em
nitrogênio, podendo causar a eutrofização de rios e lagos, quando em excesso.
O processo de produção do açúcar e do álcool
desde a recepção da cana na usina.
http://www.tereosinternacional.com.br/show.aspx?idCanal=tYwYSsZvGxpbi5l/hf3gmA==
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Visando
a redução do impacto, existe uma lei (Nº 11.241/2002) que proíbe as queimadas, porém
essa mudança deve acontecer gradativamente até 2017. Junto a isso, existem
políticas de zoneamento agroecológico, indicando possíveis áreas para expansão,
e de ordenamento do uso do solo, buscando seu uso sustentável. Outras medidas
como o uso de tecnologias menos poluentes, a introdução, em larga escala, de
controle biológico e a aplicação de adubos e fertilizantes orgânicos, podem ser
tomadas no intuito de proteger o meio ambiente.
A
cana-de-açúcar não é apenas mais um produto agrícola, mas uma importante fonte
de biomassa energética. O grande desafio do Brasil agora é reduzir os impactos
ambientais da atividade sucroalcooleira e, ao mesmo tempo, aumentar a
produtividade, contribuindo para o crescimento econômico e proporcionando
oferta de trabalho e geração de renda no país.Autores: Marino da Motta Nanzer, Rafael Farina, Silvia Sayuri Mandai e Vanessa Thomé.
Bibliografia utilizada:
- ANDRADE, José Mário Ferreira & DINIZ, Kátia Maria. Impactos Ambientais da Agroindústria da Cana-de-açúcar: Subsídios para a Gestão. 131f. Monografia apresentada à Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Especialista em Gerenciamento Ambiental. Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2007.
- BATISTA, Otávio. Produção do etanol gera impactos ambientais ainda sem monitoramento. Disponível em: <https://www.ufpe.br/agencia/index.php?option=com_content&view=article&id= 39727:producao-do-etanol-gera-impactos-ambientais-ainda-sem-monitoramento&catid=441& Itemid=77>. Acessado em 05/04/2015.
- Impacto Ambiental da Cana-de-Açúcar. Embrapa – Monitoramento por satélite. Disponível em: <http://www.cana.cnpm.embrapa.br/setor.html>. Acessado em 05/04/2015.
- Pesquisa analisa impacto ambiental da cana-de-açúcar. Novacana.com. Disponível em: < http://www.novacana.com/n/cana/meio-ambiente/pesquisa-analisa-impactos-das-mudancas-no-uso-da-terra/>. Acessado em: 05/04/2015.
- RODRIGUES, Luciana Deotti. A cana-de-açúcar como Matéria-prima para a Produção de Biocombustíveis: Impactos Ambientais e o Zoneamento Agroecológico como Ferramenta para Mitigação. 2010. 64 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Análise Ambiental) – Faculdade de Engenharia, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2010.
Olá, achamos que seria legal comentarmos um pouco sobre os problemas de saúde que estão relacionados com a queima da cana e os gases liberados pelas usinas.
ResponderExcluirSegundo Ribeiro (2008) esses processos afetam a saúde da comunidade em geral e apresenta maiores riscos para crianças, idosos e asmáticos e, como conseqüência, causam o aumento da demanda do atendimento dos serviços de saúde. Ele também diz que os cortadores apresentavam maiores riscos de câncer de pulmão em conseqüência da queima da folhagem.
Um fator mais agravante é que a poluição originada pode viajar milhares de quilômetros e afetar não somente a comunidade local, mas também áreas mais afastadas.
Grupo 6
RIBEIRO, Helena. Queimadas de cana-de-açúcar no Brasil: efeitos à saúde respiratória. Rev. Saúde Pública, São Paulo , v. 42, n. 2, Apr. 2008 . Available from . access on 08 Apr. 2015. Epub Feb 29, 2008. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102008005000009.
Muito legal! Mas vale lembrar que também existe o outro lado da moeda. Em função do etanol e das hidroelétricas, o Brasil é hoje um dos países com a matriz energética mais sustentável, de acordo com a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos (Anfavea), cerca de 65% dos veículos é movida a biocombustíveis. Se essa mesma frota fosse movida a combustíveis fósseis, teríamos um quadro diferente no acréscimo de carbono em nosso quadro de aquecimento global.
ResponderExcluirDanilo Sasso Augusto (Grupo 2)
Muito interessante esta análise! Vale acrescentar neste texto que mesmo com a criação da lei que proíbe a utilização da queimada, a utilização de máquinas para subsituir a mão de obra e a necessidade da queimada pode causar outros prejuízos ao meio ambiente, como o empobrecimento do solo (para que elas transitem, muitos terrenos acidentados provavelmente necessitariam ficar mais planos, fazendo com que o solo seja mexido de forma inapropriada e perdendo diversos nutrientes).
ResponderExcluirE complementando o comentário feito pelo Danilo, a importãncia social e econômica da cana não pode ser esquecida e ela é extremamente importante e gera investimento ao país. Porém, podemos continuar com a cultura da cana-de-açúcar juntamente com outras plantas na mesma plantação, gerando uma rotatividade de culturas, variedade de espécies e até um melhoramento do solo e uma diminuição na quantidade de herbicidades.
Grupo 8 - Aline Campelo Mendes e Ana Laura Furlan Blanco