terça-feira, 7 de abril de 2015

Impactos ambientais da produção de açúcar e álcool

A cana-de-açúcar foi a primeira cultura introduzida no Brasil, há aproximadamente quatrocentos anos, visando a produção do açúcar, que na época tinha alto valor de mercado. No entanto, com a problemática da poluição pelos combustíveis fósseis e com a implantação do programa Pró-Alcool, em 1975, seu uso para a produção de etanol ganhou imensa força no Brasil. Como os passos iniciais para a produção de álcool e açúcar são basicamente os mesmos, os problemas ambientais em sua cadeia apenas se agravaram.
Por volta de 2010, o Brasil era responsável por cerca de 40% da produção de álcool mundial, da qual 80% era consumida no mercado interno. Em relação ao açúcar, o país é o maior produtor e exportador global, com cerca de 20% da produção e 40% das vendas no mercado internacional.
Monocultura extensiva da cana de açúcar: um grande problema ambiental.
http://www.ecodesenvolvimento.org/posts/2012/agosto/exportacoes-de-etanol-em-julho-tem-melhor/popup_impressao

Segundo a pesquisadora Maiara de Melo, “... desde o início da cultura canavieira se observam problemas como o desmatamento e o desgaste do solo. É um modelo econômico que nega e explora a natureza”. De fato, ambos os problemas apresentados mostram-se verdadeiros: o desmatamento ocorre na busca por mais e maiores áreas para o plantio da cana-de-açúcar, altamente lucrativo devido à alta demanda tanto de açúcar quanto de álcool; o desgaste do solo acontece associado ao uso de herbicidas, à utilização de queimadas, com o intuito de facilitar a colheita, e ao cultivo da cana em monoculturas, onde o solo torna-se infértil pelo esgotamento de seus nutrientes. 
 De forma geral, o sistema sucroalcooleiro possui três etapas: a agrícola, que consiste no processamento da matéria-prima, envolvendo fases de preparo do solo, plantio, tratos culturais, colheita e transporte até a usina; a industrial, a qual compreende a recepção da cana na usina, a lavagem, o tratamento do caldo e a produção de açúcar e álcool; e a de geração de energia, em que a energia produzida pelo processamento do bagaço é reaproveitada como suprimento energético da própria indústria.

Queimadas: um problema não só ambiental, mas de saúde pública.
http://pedlowski.blogspot.com.br/2011/06/
monocultura-da-cana-onde-ha-fumaca-tem.html
Nessas fases pode-se observar alto gasto de água (cerca de 1,4L para produzir 1L de álcool, segundo Ballester) e emissão de poluentes atmosféricos pela utilização de queimadas, caldeiras tecnologicamente atrasadas, torres de destilação e dornas de fermentação. Além disso, há formação de fuligem pelas queimadas, consumo de grandes quantidades de insumos químicos agressivos ao meio ambiente (e.g. óleo diesel, soda cáustica, óleos lubrificantes e graxas não biodegradáveis), mau gerenciamento dos resíduos industriais, falta de reservas florestais próximas às regiões de cultivo e uso de vinhaça como fertilizante, a qual é rica em nitrogênio, podendo causar a eutrofização de rios e lagos, quando em excesso.
O processo de produção do açúcar e do álcool desde a recepção da cana na usina.
http://www.tereosinternacional.com.br/show.aspx?idCanal=tYwYSsZvGxpbi5l/hf3gmA==

Processamento da cana-de açúcar: do canavial até as etapas finais do açúcar, etanol e energia.
http://pt.slideshare.net/DanianaSantos/t39-tcc-o-efeito-da-escala-em-processamento-de-cana-de-acar-estudo-de-casowilson-lucena

Visando a redução do impacto, existe uma lei (Nº 11.241/2002) que proíbe as queimadas, porém essa mudança deve acontecer gradativamente até 2017. Junto a isso, existem políticas de zoneamento agroecológico, indicando possíveis áreas para expansão, e de ordenamento do uso do solo, buscando seu uso sustentável. Outras medidas como o uso de tecnologias menos poluentes, a introdução, em larga escala, de controle biológico e a aplicação de adubos e fertilizantes orgânicos, podem ser tomadas no intuito de proteger o meio ambiente.
A cana-de-açúcar não é apenas mais um produto agrícola, mas uma importante fonte de biomassa energética. O grande desafio do Brasil agora é reduzir os impactos ambientais da atividade sucroalcooleira e, ao mesmo tempo, aumentar a produtividade, contribuindo para o crescimento econômico e proporcionando oferta de trabalho e geração de renda no país.

Autores: Marino da Motta Nanzer, Rafael Farina, Silvia Sayuri Mandai e Vanessa Thomé.


Bibliografia utilizada:

            

3 comentários:

  1. Olá, achamos que seria legal comentarmos um pouco sobre os problemas de saúde que estão relacionados com a queima da cana e os gases liberados pelas usinas.
    Segundo Ribeiro (2008) esses processos afetam a saúde da comunidade em geral e apresenta maiores riscos para crianças, idosos e asmáticos e, como conseqüência, causam o aumento da demanda do atendimento dos serviços de saúde. Ele também diz que os cortadores apresentavam maiores riscos de câncer de pulmão em conseqüência da queima da folhagem.
    Um fator mais agravante é que a poluição originada pode viajar milhares de quilômetros e afetar não somente a comunidade local, mas também áreas mais afastadas.

    Grupo 6

    RIBEIRO, Helena. Queimadas de cana-de-açúcar no Brasil: efeitos à saúde respiratória. Rev. Saúde Pública, São Paulo , v. 42, n. 2, Apr. 2008 . Available from . access on 08 Apr. 2015. Epub Feb 29, 2008. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102008005000009.

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  2. Muito legal! Mas vale lembrar que também existe o outro lado da moeda. Em função do etanol e das hidroelétricas, o Brasil é hoje um dos países com a matriz energética mais sustentável, de acordo com a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos (Anfavea), cerca de 65% dos veículos é movida a biocombustíveis. Se essa mesma frota fosse movida a combustíveis fósseis, teríamos um quadro diferente no acréscimo de carbono em nosso quadro de aquecimento global.

    Danilo Sasso Augusto (Grupo 2)

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  3. Muito interessante esta análise! Vale acrescentar neste texto que mesmo com a criação da lei que proíbe a utilização da queimada, a utilização de máquinas para subsituir a mão de obra e a necessidade da queimada pode causar outros prejuízos ao meio ambiente, como o empobrecimento do solo (para que elas transitem, muitos terrenos acidentados provavelmente necessitariam ficar mais planos, fazendo com que o solo seja mexido de forma inapropriada e perdendo diversos nutrientes).

    E complementando o comentário feito pelo Danilo, a importãncia social e econômica da cana não pode ser esquecida e ela é extremamente importante e gera investimento ao país. Porém, podemos continuar com a cultura da cana-de-açúcar juntamente com outras plantas na mesma plantação, gerando uma rotatividade de culturas, variedade de espécies e até um melhoramento do solo e uma diminuição na quantidade de herbicidades.

    Grupo 8 - Aline Campelo Mendes e Ana Laura Furlan Blanco

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