A segurança alimentar e nutricional (SAN) cabe não somente a qualidade
dos alimentos produzidos, distribuídos e comprados, mas também o acesso regular
e permanente de alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem
comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas
alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que
sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis (Art. 3º da Lei
Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional – LOSAN). Para tornar isso
possível, a Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SESAN)
promove algumas ações para que os alimentos sejam produzidos, comercializados e
cheguem aos consumidores, promovendo programas, fomentando projetos e ações que
tornem isso possível. Porém, tendo em mente que “a segurança alimentar pode ser
favorecida tanto pela renda maior como pela estabilidade ou regularidade dessa
renda” (Hoffmann, 2013) podemos inferir que uma boa parte da população
brasileira vive uma insegurança alimentar.
As ações da SESAN estão
estruturadas em três eixos: produção, comercialização e consumo, sendo esses
tratados pelos seus respectivos departamentos. O Departamento de Fomento à
Produção e à Estruturação Produtiva (DEFEP) é responsável pelo eixo da
produção, coordenando ações de fomento à produção de alimentos e à inclusão
produtiva da população de insegurança alimentar e nutricional. O Departamento
de Apoio à Aquisição e à Comercialização da Produção Familiar (DECOM) é
responsável pelo eixo da comercialização. Ele coordena as ações de apoio à
produção, comercialização e distribuição de alimentos, visando a implementação
de sistemas locais de abastecimento. O Departamento de Estruturação e
Integração de Sistemas Públicos Agroalimentares (DEISP) é responsável pelo eixo
do consumo. Compete a esse órgão as ações de promoção do acesso à alimentação
adequada. (www.mds.gov.br)
O
termo "Segurança alimentar e nutricional" só foi implementado no
Brasil no fim do séc XX, ao contrário dos países europeus, que já tinham essa
preocupação desde o início do século. Uma demonstração da demora brasileira
esta que, apenas em 2010 o texto constitucional foi mudado, acrescentando a
alimentação como direito social de todo cidadão, apesar de "o direito
fundamental de estar livre de fome" ter sido reconhecido em 1976 no International Covenant on Economic, Social
and Cultural Rights, o qual o Brasil estava como signatário (Belik, 2012).
A atenção e utilização do termo SAN teve início na década de 1990, após uma Conferência
Internacional sobre Nutrição, realizada em 1992 e promovida pela ONU, onde foi
definido um plano de ação mundial para o combate a fome (Belik, W. 2012). Desde
então, foram feitos diversos programas pelo governo para que a SAN fosse
cumprida, como o Projeto Fome Zero, mas ainda há dificuldades.
O Projeto Fome Zero foi lançado no Brasil em 2001 e a sua
proposta se baseia em três níveis: estrutural, específico para alimentação e
local. No nível estrutural estão as políticas mais gerais voltadas para as
transformações das condições de vida da população e pelas manutenção das
melhorias conquistas por outros projetos sociais. O nível específico para
alimentação trata de ações que aumentam a oferta e oferecimento de alimentos
para os cidadãos. Por último, no nível local são examinados as condições
peculiares de cada área e região brasileira. (Belik, 2012)
Segundo Hoffman, a
renda domiciliar per capita
pode ser considerada o principal determinante da insegurança alimentar, ou
seja, é um fator limitante para que as famílias tenham acesso a alimentação de
qualidade sem que isso comprometa o acesso as demais necessidades. Outros
fatores importantes que alteram o índice de insegurança alimentar são: a
estabilidade da fonte de renda, o nível de escolaridade, a situação urbana ou
rural e a região que se habita. De 2004 a 2009 houve um aumento de 40% na renda
real per capita mediana e a
escolaridade mediana das pessoas de referência dos domicílios também aumentou.
Em função disso houve uma redução efetiva das taxas de insegurança alimentar
moderada e de insegurança alimentar grave.
Portanto, podemos concluir que para que haja uma melhoria
significativa na segurança alimentar no Brasil como um todo é necessária a
implantação de programas que aumentam a renda per capita e a escolaridade da população brasileira. A forma de
agricultura e os planos de manejo das áreas agrícolas alteram pouco os índices
de segurança alimentar e nutricional, pois no modo de comercialização e
disponibilidade de alimentos atualmente implantado no Brasil a quantidade e
qualidade dos alimentos de uma família depende mais da sua renda e menos da
produção nacional e regional de comida. Nos últimos anos houve um aumento
importante nos índices de renda familiar e educação, melhorando a situação de
muitas famílias, como foi dito anteriormente, porém há muito que precisa ser
melhorado ainda para haver uma situação de segurança no país como um todo.
Autores: Laura Braun Cano; Luiza Mendonça; Olivia
Ambrozini; Wendy Ishimoto.
Bibliografia utilizada:
- Belik, W. A Política Brasileira de Segurança Alimentar e Nutricional: concepção e resultados. Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, 19(2): 94-110, 2012.
- Hoffmann, R. Determinantes da insegurança alimentar no Brasil em 2004 e 2009. Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, 20(2):219-235, 2013.
- Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – SESAN. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/segurancaalimentar>. Acesso em: 29 abril 2015.
Muito interessante o texto de vocês, pois engloba muitos tópico sobre questão do alimento.
ResponderExcluirAchamos interessante também, acrescentar a discussão de vocês com um artigo produzido por o jornalista, Leonardo Sakamoto, mostrando de modo crítico, vários pontos que vocês já colocaram e acrescentando outros que podem ajudar nas discussões, levanta tópicos como, reforma agrária, questão do etanol, alimentos transgênicos, entre outros.
Nesse artigo, mostra bem o fato que parece ser um consenso: “o problema da fome no Brasil não é de falta e sim de distribuição”.
Por exemplo, em dezembro de 2014, IBGE publicou que a insegurança alimentar grave caiu de 6,9% dos domicílios, em 2004, passando por 5% em 2009 e 3,2% em 2013, isto é, em 2009 eram 11,2 milhões de pessoas, já em 2013 são 7,2 milhões.
Contudo, Sakamoto ressalta que mesmo com a diminuição, ainda é uma alta quantidade de pessoas. E essa questão de fome não é algo que se pode esperar muito tempo para se resolver.
Mas também entra na problemática que para resolver tais problemas é preciso mudar a estrutura vigente, tal como cita nos últimos parágrafos: “Garantir que todos tenham acesso às mesmas oportunidades e ao mesmo quinhão de Justiça. Para isso, nossa geração terá que ter a coragem de demolir estruturas arraigadas desde a fundação do país, que garantem que uns tenham tudo e outros nada.
E a pior das estruturas é nossa vergonhosa e humilhante concentração de riqueza. Sem combatê-la, o fim da fome é sonho distante.”
http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2014/12/18/o-problema-da-fome-nao-e-de-falta-de-comida-e-de-distribuicao-de-riqueza/
Grupo 6 ( Juliana, Maiara, Rafaella e Renan)
Parabéns pelo texto, meninas.
ResponderExcluirAchamos particularmente interessante a análise crítica no final do texto, sobre o que ainda precisa ser feito para aumentar a segurança alimentar e nutricional no Brasil. Nesse quesito, o texto que o grupo 6 passou para nós nos comentários, também foi importante para nos dar uma visão maior sobre o assunto. Não há possibilidades de erradicarmos a fome enquanto houver essa (extremamente) desigual distribuição de riqueza...
Grupo 7: Vanessa, Rafael, Silvia e Marino.