terça-feira, 28 de abril de 2015

Bebidas Estimulantes Não Alcoólicas

As, tão mundialmente famigeradas, bebidas energéticas tiveram sua aurora no mercado na década de 80 e, desde então, experimentam um profundo crescimento no seu consumo, sobretudo pelos jovens. Inicialmente, as substâncias estimulantes eram utilizadas por esportistas, visando o incremento da resistência física e melhoras no seu desempenho. Além desse aspecto, o consumo crescente resulta da busca por horas extras de concentração, evitando o sono e garantindo o bem-estar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere que as “bebidas energéticas” sejam denominadas “bebidas estimulantes”, devido à sua composição e seus efeitos.
fonte desconhecida
De acordo com o SafeFood, as bebidas estimulantes são aquelas compostas por cafeína, taurina e vitaminas, podendo conter uma fonte de energia (carboidratos) e/ou outras substâncias, comercializadas com propósito específico de fornecer real ou perceptiva melhoria psicológica ou efeitos na performance. No Brasil, a Resolução RDC n° 273 de 22-09-05 do Ministério da Saúde visa a fixação dos requisitos mínimos de características e qualidade para as bebidas denominadas “Composto Líquido Pronto para o Consumo”, definidas como produtos que contém como ingrediente(s) principal(is): inositol e/ou glucoronolactona, e/ou taurina, e/ou cafeína, podendo ser adicionada de vitaminas e/ou minerais até 100% da Ingestão Diária Recomendada (IDR) na porção do produto, podendo ser adicionados outros ingredientes desde que não haja a descaracterização do produto. As bebidas estimulantes não alcoólicas pertencem à classe dos “alimentos funcionais”, que, segundo a Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, são aqueles que, além das funções nutritivas básicas, quando consumidos como parte da dieta usual, produza efeitos metabólicos e/ou fisiológicos e/ou efeitos benéficos à saúde, devendo ser seguro para consumo sem supervisão médica. O crescimento do consumo de bebidas estimulantes não alcoólicas observado mundialmente, é reflexo do desenvolvimento do mercado de alimentos funcionais e se deve dentro outros fatores, à mudança nas atitudes e expectativas dos consumidores, bem como à crescente compreensão da ligação entre os constituintes das dietas e dos processos fisiológicos e avanços na ciência e tecnologia de alimentos.
Um dos componentes mais difundidos e utilizados no mundo todo é a cafeína. O consumo regular se faz importante e crucial para algumas economias e, no Brasil, figura como elemento cultural amplamente difundido. É um dos ingredientes ativos principais de bebidas estimulantes não alcoólicas como por exemplo, o café e o chá (60 a 80 mg/250 ml), e está presente em muitos medicamentos, refrigerantes e diuréticos. A cafeína é um alcalóide purínico da classe das metilxantinas (1,3,7-trimetilxantina), de ocorrência natural em folhas de mate, café, cacau, noz de cola. Seus efeitos alteram a função normal da célula, de modo que estimula o Sistema Nervoso Central (SNC), podendo acarretar em aumento dos batimentos cardíacos, da taxa de metabolismo basal, da secreção ácida estomacal e da diurese.
Outro ingrediente ativo das bebidas estimulantes é a taurina, ou ácido 2-amino-etano-sulfônico, um dos aminoácidos mais abundantes no corpo humano, e presente em alimentos como carne, leite e frutos do mar. Um aspecto importante com relação à taurina presente nas bebidas estimulantes, e que ajudam a explicar o consumo crescente destas por jovens, é a sua ingestão juntamente com bebidas alcoólicas. Ferreira et al. sugere que as bebidas estimulantes poderiam prolongar os efeitos excitatórios do álcool, possivelmente por uma modulação da neurotransmissão gabaérgica (relacionada ao ácido gama-amino-butírico).
O guaraná, componente ativo de algumas bebidas estimulantes, é uma planta nativa da América do Sul, encontrada principalmente na Venezuela e no Brasil. Seu componente principal é a guaranina, substância quimicamente idêntica à cafeína. No Brasil, os estados produtores de guaraná são o Acre, Amazonas, Rondônia, Pará, Bahia e Mato Grosso. O efeito estimulante do guaraná é similar ao da cafeína, sendo que 1g de guaraná contém o equivalente a 40mg de cafeína. Tem sido relatado que o guaraná exerce um efeito mais prolongado que o equivalente médio de cafeína, devido ao teor lipídico de sua semente e de substâncias como o ácido tânico que fazem com que a liberação da guaranina seja mais lenta do que a da cafeína.
A glucoronolactona, por sua vez, é um ingrediente ativo das bebidas estimulantes que pode ser encontrada em vegetais que contêm gomas. A goma xantana é um exemplo de goma formada por unidades de manose e ácido glucorônico. No Brasil, a legislação referente às bebidas energéticas estabelece o limite máximo de glucoronolactona em 250 mg/100 mL.
O surgimento das bebidas estimulantes no mercado é relativamente recente, de modo que ainda existe muitas controvérsias a respeito das concentrações adequadas de uso e dos reais efeitos destes ingredientes no organismo. Dessa forma, são necessários mais estudos a fim de melhor esclarecer estes conceitos, bem como sobre as interações destes componentes com o álcool, visto que os principais consumidores são os jovens, que combinam, muitas vezes o álcool com a bebida estimulante.


    Autores: Andersom Rosário Prado, Danilo Sasso Augusto, Gabriel José de Carlo, João Pedro Trevisan dos Santos, Vitor Antonelli Breda
    

Bibliografia utilizada:  
  • CANELA, M. D. et al. Consumption of stimulant drinks and consequent ingestion of phenolic compounds and caffeine. J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v.34, n.1, p.143-157, 2009.
  • CARVALHO, J. M. et al. Perfil dos principais componentes em bebidas energéticas: cafeína, taurina, guaraná e glucoronolactona. Rev Inst Adolfo Lutz, v.65, n.2, p.78-85, 2006.
  • FERREIRA, S. E. et al. O efeito das bebidas alcoólicas pode ser afetado pela combinação com bebidas energéticas? Um estudo com usuários. Rev Assoc Med Brás. v.60, n.1, p.48–51, 2004.
  • FINNEGAN, D. The health effects of stimulant drinks. British Nutrition Foundation Nutrition Bulletin, v.28, p.147–155, 2003.
  • HILLIAM, M. The Market for Funcional Foods. Int Dairy Journal. v.8, p.349– 53, 1998.
  • SAFEFOOD - The Food Safety Promotion Board. A review of the health effects of stimulant drinks - Final report. 2002. Acesso em 24 de abril de 2015. Disponível em: http://www.safefoodonline.com/pdf/health_effects_of_stimulant_drinks.pdf A Review of the Health Effects of Stimulant Drinks
  • SILVA, K. C. M da, et al. Importância dos alimentos funcionais e a introdução de ogms na dieta humana. 9º Simposio de Ensino de Graduação, 2011.

3 comentários:

  1. Gostamos bastante do texto e da abordagem dos efeitos desses produtos no oragnismo!

    Só queriamos acrescentar que o texto acabou não abordando (já que o enfoque era outro) sobre os efeitos negativos que essas substâncias podem trazer ao organismo quando consumidas em excesso, como taquicardias, por exemplo.

    A cafeína, por exemplo, pode ser letal, se ingeridas de uma vez 12g da substância, mas para isso, seriam necessários ser ingeridos aproximadamente mais de 20 litros de café líquido. Enfim, o texto está muito bom

    Grupo 8 - Aline Campelo e Ana Laura Furlan Blanco

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Como mencionado, a cafeína é culturalmente difundido por todo o mundo, através do consumo de café e chá, por exemplo.
    O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de café. De acordo com a ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café), houve um aumento do consumo interno no Brasil de 1,23% (2013) a 1,24% (2014). Essa diferença é de cerca de 248 sacas de 60 kg de café. Ainda de acordo com a ABIC, o consumo per capita aumentou 0,02 kg/habitante/ano. Porém, de acordo com um pesquisa realizada em 2004, acredita-se que o cultivo de café será reduzido no século, se houver aumento da temperatura de 5,8 ºC e as condições fisiológicas e genéticas foram mantidas.

    http://www.unifae.br/.../revista.../n9/12_agronegocio.pdf
    http://g1.globo.com/.../consumo-de-cafe-no-brasil-cresce...
    http://www.abic.com.br/.../EST_PESQTendenciasConsumo2010.pdf
    http://www.scielo.br/pdf/pab/v39n11/22575.pdf

    Grupo 6

    ResponderExcluir